A Operação Lava Jato,
que em Curitiba foi responsável pela condenação de 140 pessoas, promoveu um
efeito de depuração no Senado Federal. Dos 32 senadores que disputavam a
reeleição, apenas oito obtiveram sucesso.
Se sob a caneta do juiz Sergio Moro empresários, como Marcelo Odebrecht,
e políticos, como o ex-presidente Lula, passaram a expiar a culpa atrás das
grades, entre os senadores nenhum havia sido condenado judicialmente no
petrolão. Agora, porém, lideranças como Romero Jucá (MDB-RR), Eunício Oliveira (MDB-CE), Lindbergh Farias (PT-RS)
e Edison Lobão (MDB-MA)
acabaram julgadas nas urnas. Todos eles não conseguiram renovar os mandatos.
Entre os sobreviventes lavajatistas, apenas Ciro Nogueira (PP-PI), Eduardo
Braga (MDB-AM), Renan Calheiros (MDB-AL), Jader Barbalho (MDB-PA) e Humberto
Costa (PT-PE).
Atual presidente do Senado, Eunício disputou voto a voto com o
empresário Eduardo Girão (Pros) a segunda vaga de senador pelo Ceará. Na
liderança isolada, Cid Gomes (PDT) amealhou mais de 3,2 milhões de votos e
venceu com folga. Eunício foi delatado como o destinatário de 5 milhões de
reais em caixa dois de campanha, aparece com o codinome Índio na planilha da
Odebrecht e, conforme revelou VEJA, foi apontado como um dos senadores do MDB
que se beneficiou de desvios de dinheiro da construção da usina hidrelétrica de
Belo Monte e de fraudes nos investimentos realizados pelo Postalis, fundo de
pensão dos trabalhadores dos Correios.
Edison Lobão, que terminou na quarta colocação na disputa por uma vaga
ao Senado pelo Maranhão, conseguiu pouco mais de 500.000 votos, ficando atrás
de Weverton Rocha (quase 2 milhões de votos), Eliziane Gama (1,5 milhão) e
Sarney Filho (cerca de 740.000 votos). Entre outras acusações no petrolão,
Lobão é suspeito de receber 5,5 milhões de reais para interferir em obras do Projeto
Madeira.
Na delação da Odebrecht, Lindbergh Farias é alvo de inquérito que apura
pagamentos, via caixa 2, para suas campanhas em 2008 e 2010. Na disputa por uma
cadeira ao Senado pelo Rio de Janeiro, o petista foi desbancado por Flávio
Bolsonaro (PSL) e Arolde de Oliveira (PSD) e conquistou apenas a quarta
colocação, com 10,17% dos votos.
Outros dois nomes encrencados na Lava Jato – a petista Gleisi Hoffmann e
o tucano Aécio Neves – buscaram sobrevida política abdicando de disputar a
reeleição no Senado e optando por uma vaga na Câmara dos Deputados. Gleisi foi
a terceira deputada federal mais votada no Paraná, com 212.513 votos. Aécio
Neves teve pouco mais de 100.000 votos para deputado por Minas Gerais e ficou
na 19ª colocação, o suficiente para lhe garantir o mandato. Ao contrário de
cidadãos comuns, antes da execução de uma eventual pena, senadores e deputados
só podem ser presos em flagrante e por crimes inafiançáveis.
Nas eleições deste domingo, ex-governadores que disputavam uma cadeira
na Câmara Alta, como Marconi Perillo (PSDB) ou Beto Richa (PSDB), também
amargaram derrotas retumbantes. O goiano ficou apenas na quinta colocação, com
7,55% dos votos válidos, enquanto Richa, preso há menos de um mês na 55ª fase
da Lava-Jato, terminou a disputa na sexta colocação, com 3,73% da preferência
do eleitorado paranaense.
Em Minas Gerais, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), delatada na
Lava-Jato pelo marqueteiro João Santana, pelo empreiteiro Marcelo Odebrecht e
pelo empresário Joesley Batista, por exemplo, não conseguiu ser eleita
senadora. Ela teve 15,35% dos votos válidos, terminando a disputa na quarta
colocação. Reportagem de VEJA em maio mostrou que Joesley revelou aos
investigadores que Dilma dispensou intermediários e tratou pessoalmente de propina.
De acordo com o delator, a petista lhe pediu, dentro do Palácio do
Planalto, uma doação ao ex-ministro do Desenvolvimento Fernando Pimentel
durante a campanha do petista ao governo de Minas em 2014. Na eleição deste
domingo, Pimentel, candidato à reeleição, não saiu da terceira colocação na
disputa pelo governo mineiro. O segundo turno no estado será entre Romeu Zema
(Novo) e Antonio Anastasia (PSDB). (Via: Veja)
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