Nomes tradicionais da política brasileira, ex-ministros, ex-governadores
e senadores que disputavam a reeleição, não se elegeram para o Senado este ano.
É o caso da ex-presidente da República Dilma Rousseff (PT), que decidiu
disputar uma vaga de senadora por Minas Gerais após seu impeachment. A petista
aparecia disparada em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto desde o
início da campanha, mas as vagas do estado ficaram com Rodrigo Pacheco (DEM) e
Carlos Viana (PHS).
No Rio, o também petista Lindbergh Farias disputava a reeleição como
senador —posto que ocupa desde 2011. O parlamentar que já foi deputado federal
por dois mandatos e prefeito reeleito de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense,
ficará sem mandato.
Lindbergh aparecia nas pesquisas em terceiro lugar, com 15%, atrás do
ex-prefeito do Rio Cesar Maia (DEM), com 18%, que também não se elegeu. O
petista teve 10% dos votos, enquanto Maia teve 16%.
As vagas no estado ficaram com o líder nas intenções de voto e filho do
presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), Flávio Bolsonaro (PSL), e Arolde de
Oliveira (PSD) — candidato que aparecia em 5º nas pesquisas, mas contou com
apoio bolsonarista.
Outro petista derrotado foi Eduardo Suplicy, em São Paulo, após liderar
as pesquisas durante todo o período eleitoral. Atualmente vereador, Suplicy
sofreu a segunda derrota consecutiva na disputa pelo Senado — em 2014, perdeu
para José Serra (PSDB). Desta vez, acabou superado por Mara Gabrilli (PSDB) e
Major Olímpio (PSL), que colou sua imagem em Bolsonaro.
Em Roraima, Romero Jucá (MDB) também foi degolado por menos de 500
votos. Jucá está no terceiro mandato e foi líder do governo de três presidentes
e ministro do petista Lula e do emedebista Michel Temer. Neste domingo (7),
teve 17,34% dos votos, contra 17,43% do eleito Mecias de Jesus (PRB). O segundo
nome do estado é Chico Rodrigues (DEM).
No Paraná, duas grandes forças da política local ficaram de fora do
Senado: os ex-governadores Beto Richa (PSDB) e Roberto Requião (MDB).
Ambos eram líderes nas pesquisas às vésperas da eleição. Requião, atual
senador, liderava com folga, com 26%, segundo o Ibope de sábado (6). Acabou em
terceiro lugar, com 14%.
“Efeito Bolsonaro e duro ataque de infâmias e calúnias”, comentou
Requião, nas redes sociais. Ele atribuiu a derrota ao “voto útil” nos dois
vencedores, Professor Oriovisto (Podemos) e Flavio Arns (Rede), com o objetivo
de tirar Richa da segunda vaga.
Richa, que terminou num amargo sexto lugar, com 3% dos votos, foi preso
por quatro dias em meio à campanha eleitoral, numa investigação por suspeitas
de desvios em obras públicas. Ele nega irregularidades, e acusou a prisão de
ser arbitrária e política.
Pela manhã, ao votar, o tucano disse que foi vítima de uma “barbárie”.
“Foi para exterminar, destruir minha candidatura”, declarou. “Não havia nem
inquérito instaurado [era um procedimento investigativo do Ministério Público],
nunca havia sido chamado a dar depoimento. Que mundo é esse?” A investigação
que prendeu Richa é alvo de apuração do CNMP (Conselho Nacional do Ministério
Público).
No Maranhão, outros dois fortes nomes locais foram derrotados: Edison
Lobão (MDB) e Sarney Filho (PV) —o Zequinha, herdeiro do ex-presidente José
Sarney (MDB) e ex-ministro de Michel Temer (MDB). Os eleitos foram Weverton
(PDT) e Eliziane Gama (PPS).
Lobão é ex-governador, ex-ministro e atual senador. Ele foi considerado
suspeito, num desdobramento da Lava Jato, de ter recebido propinas de cerca de
R$ 5 milhões. Segundo a Odebrecht, o parlamentar também teria recebido o
montante para interferir junto ao governo federal para anulação da concessão da
obra referente à Usina Hidrelétrica de Jirau.
Já o clã Sarney começou a perder protagonismo no estado em 2014, quando
o governador Flávio Dino (PC do B) se elegeu, interrompendo um ciclo de quase
50 anos de influência da família na política maranhense.
Em Goiás, o ex-governador do estado Marconi Perillo (PSDB) viu sua
liderança na corrida pelo Senado ruir de agosto até às vésperas da eleição.
Em setembro, ele se tornou réu sob acusação de corrupção passiva,
acusado de receber vantagens indevidas durante o mandato para viabilizar
contratos com a construtora Delta entre 2011 e 2012, no mesmo processo que
envolve Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Perillo terminou em 5º no estado que governou por quatro mandatos.
Vanderlan (PP) e Jorge Kajuru (PRP) vão ocupar as duas cadeiras do Senado por
Goiás.
O atual presidente do Senado também não estará na Casa no ano que vem.
Em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto no Ceará durante a campanha,
Eunício Oliveira (MDB) amargou a terceira colocação, e por uma pequena
diferença viu serem eleitos Eduardo Girão (PROS) e Cid Gomes (PDT).
Outro senador que perdeu o cargo foi Cristovam Buarque (PPS), que
cogitou concorrer à Presidência. Ele disputava, tecnicamente empatado nas
pesquisas, com o deputado federal Izalci (PSDB), que acabou eleito no estado,
junto com a ex-jogadora da seleção feminina Leila do Vôlei (PSB).
Aliado e quase vice de Jair Bolsonaro, o senador Magno Malta (PR) também
foi derrotado na busca pela reeleição no Espírito Santo. Ele chegou a ser
convidado para a chapa presidencial, mas decidiu ficar de fora e buscar mais um
mandato. Foram eleitos no estado Fabiano Contarato (Rede) e Marcos do Val
(PPS).
Neste domingo (7), o eleitor escolheu dois candidatos ao Senado. O
mandato é de oito anos, mas as eleições ocorrem de quatro em quatro anos.
Assim, a cada eleição, a Casa renova, alternadamente, um terço e dois terços de
suas 81 cadeiras. Neste ano, 54 vagas estavam em disputa no país — duas
cadeiras por cada Unidade da Federação. (Via: Folhapress)
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