O Ministério de Minas e Energia deverá
abrir uma consulta pública para contratar novas usinas térmicas movidas a gás
natural no Nordeste do país.
O leilão é controverso entre especialistas do setor elétrico e dentro do
próprio governo, conforme antecipou a Folha de S.Paulo, em julho.
Há três meses, a reportagem solicita ao ministério e à EPE (órgão
responsável por estruturar os estudos para os leilões) dados sobre o
embasamento técnico para o projeto, mas sem retorno.
Segundo fontes do setor, proposta está em fase final de elaboração e deve
ser aberta para receber contribuições ainda em outubro.
A maior dúvida é como as usinas serão contratadas, o que define o preço da
energia. A ideia inicial era fazer o chamado leilão de reserva: tipo de
contratação em que o governo compra a energia que será gerada para viabilizar o
empreendimento e repassa os custos para a conta de luz de todos os
consumidores, famílias e empresas.
O impacto seria de R$ 2 bilhões, segundo cálculo da Abrace (associação de
grandes consumidores de energia).
Especialistas do setor questionam leilões localizados, que têm o objetivo
de garantir a autossuficiência regional.
Esse conceito, segundo analistas, vai contra o atual modelo brasileiro,
que é interligado por linhas de transmissão – ou seja, a energia não precisa ser
gerada onde é consumida, pois pode ser transportada de uma região para a outra
conforme a necessidade.
Não faz sentido, argumentam, realizar agora, em pleno período eleitoral,
uma mudança tão drástica no modelo.
Há ainda o questionamento de que o leilão favoreceria apenas um grupo de
companhias que atuam na região e que participariam desse leilão em detrimento
de outros.
O ministério afirma que o leilão vai reduzir os preços de energia, pois as
usinas a gás substituíram outras, movidas a óleo, que são mais caras e
poluentes – argumento refutado pelos opositores.
Esses empreendimentos, dizem, já foram compensados no planejamento de
outros leilões . Neste ano foram feitos dois para contratar usinas novas, e
haverá um terceiro, para usinas já existentes.
A pasta também argumenta que o projeto ajudaria a fomentar o setor de gás
natural. Defensores do leilão ainda defendem a importância dessas usinas para
garantir a segurança energética do país, principalmente com o avanço de usinas
eólicas e solares, que têm geração intermitente -ou seja, dependem de fatores
naturais como o vento e o sol, que não são constantes. (Via: Folhapress)
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