O Corpo de Bombeiros do Ceará
confirmou nesta quarta-feira, 16, a morte de três pessoas no desabamento do
edifício Andréa, no Dionísio Torres, bairro nobre de Fortaleza. A queda do
prédio deixou ainda sete feridos e outros sete desaparecidos.
Localizado na esquina das Ruas Tibúrcio Cavalcante e Tomás
Acioli, o edifício residencial de sete andares desmoronou por volta das 10h15
de terça-feira, 15. À noite, foi encontrado o primeiro corpo: do vendedor
Frederick Santana dos Santos, de 30 anos, que estava em um mercado vizinho e
acabou sendo atingido.
Nesta quarta, o comandante-geral do Corpo de Bombeiros do
Ceará, o coronel Eduardo Holanda, confirmou mais duas mortes. Segundo a
corporação, as vítimas seriam mulheres mas ainda não foram identificadas.
Os corpos ainda não teriam sido resgatados sob os escombros,
por se tratar de local de difícil acesso. Segundo os Bombeiros, por enquanto,
não é possível utilizar máquinas pesadas para não provocar instabilidade no
local. Cães farejadores também trabalham para encontrar possíveis vítimas.
Pessoas socorridas com vida foram encaminhadas para unidades
de saúde da rede pública, passaram por cirurgia e estão em recuperação.
Inicialmente, os Bombeiros haviam informado o resgate de oito vítimas, mas o
número foi corrigido para sete. Um dos nomes estaria duplicado na lista. O
primeiro resgatado foi Fernando Marques, de 20 anos. Após ser encaminhado a
hospital particular, ele foi liberado ainda na terça à noite.
Duas vítimas estão atualmente no
Instituto Doutor José Frota (IJF): Gilson Moreira, de 58 anos, e Cleide Maria
da Cruz, de 60 Ela sofreu alguns ferimentos e se encontra em quadro estável. A
unidade também atendeu Maria Antônia Peixoto, de 72 anos, que depois foi
transferida, a pedido da família, para um hospital particular.
Já Moreira sofreu fraturas nas duas pernas e passou por
cirurgia Ele está em estado grave e aguarda por outros procedimentos
cirúrgicos. Filho da vítima, Nazareno Gomes, de 53 anos, afirma que o IJF é “o
melhor hospital do Estado”, mas pede que o pai seja transferido “urgente” para
uma UTI.
“Após o acidente, meu pai apagou, mas não sabe quanto tempo.
Quando ele acordou, viu um rapaz pedindo ajuda e se engasgando com o próprio
sangue”, conta. “Ele pediu ao rapaz para ter calma, que pediria ajuda. Eu falei
com meu pai ontem e ele me disse: ‘Meu filho, eu vi uma pessoa morrer na minha
frente e eu não quero isso para ninguém’.”
Superintendente adjunto do IJF, Osmar Aguiar afirma que
Moreira está com fraturas em ambos os membros inferiores e uma fratura exposta
no dedão do pé. Depois da cirurgia, ele passou por novos exames. “Agora à
tarde, ele vai passar por um tratamento traumatológico de uma fixação para dar
conforto e estabilidade para as outras fraturas”, diz. “Em nenhum momento, foi
identificado uma necessidade clínica de ele ser conduzido para outra unidade.”
Davi Sampaio Martins, de 22 anos, está internado no Hospital
Otoclínica. Quando ainda se encontrava sob os escombros, ele fez uma selfie
para avisar à família que estava bem.
Por sua vez, Francisco Rodrigues Alves, de 59, está no
Frotinha da Messejana e aguarda transferência para o IJF. Ele se encontra
consciente, mas não foram divulgados mais detalhes sobre seu estado de saúde.
Desaparecidos
“Esperança, esperança,
esperança”. O sentimento, repetido muitas vezes pelo corretor de imóveis Rômulo
Marques, de 54 anos, é depositado nas buscas de três familiares que moravam no
edifício Andréa. O casal Izaura Marques, de 83 anos, e Vicente Menezes, de 86,
tios de Marques, moravam no quinto andar do edifício e ainda não foram
localizados. A filha do casal, Rosane Menezes, de 55 anos, também era moradora
do prédio. Ela morava com o filho Fernando Menezes (um dos resgatados) em um
apartamento no terceiro andar.
“Eles não respondem a estímulos
da equipe de resgate, mas seguimos com esperança. Enquanto tivermos
possibilidade de encontrar, vamos seguir”, disse Marques, que está com outros
14 familiares no local. Eles passaram a madrugada aguardando respostas e
permanecem assim até o momento, intensificando orações no local.
De acordo com Marques, a equipe
de resgate localizou alguns corpos, mas ainda sem identificação. Os familiares
não têm acesso às pessoas resgatadas. Houve pedido de teste de DNA para os
familiares presentes.
Responsabilidade pelo desabamento
O Ministério Público do Ceará
informou, em nota, que vai adotar todas as providências necessárias pra apurar
as responsabilidades e evitar que casos como o do desabamento do Edifício
Andréa voltem a ocorrer no Estado.
Integrantes dos Núcleos de
Investigação Criminal e Atendimento às Vítimas da Violência estão no local para
acompanhar as investigações do desabamento e prestar apoio às pessoas
resgatadas.
Além disso, uma força-tarefa com
promotores das áreas do Meio Ambiente, Cidadania e de Políticas Urbanas e
Fundiárias vai monitorar as ações junto aos diversos órgãos públicos para
elaborar um levantamento da situação de outros prédios que estejam em situação
irregular, levando risco à população.
A Polícia Civil instaurou
inquérito policial para investigar as circunstâncias do desabamento do Edifício
Andrea. Testemunhas já foram ouvidas e as apurações estão em andamento.
O presidente do Conselho Regional
de Engenharia e Agronomia do Ceará (Crea-CE), Emanuel Maia Mota, esclareceu que
o edifício tinha ao menos 42 anos e as Anotações de Responsabilidade Técnica
(ART) emitidas anteriormente eram, na maioria, para manutenção de elevadores.
A reportagem obteve acesso à ART
registrada na véspera do desabamento: o escopo cita apenas “recuperação das
construções”, sem especificar quais intervenções seriam feitas, e “pintura”. (Via: Agência Estado)
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