O presidente do Tribunal Regional
Federal da 4ª Região (TRF-4), Victor dos Santos Laus, afirmou nesta terça-feira
(1) que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "desfruta de condição
especialíssima" e que "não é bem-vindo onde está" ao cumprir
pena na cela da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, onde está desde
abril de 2018. As informações são do G1.
O comentário foi feito depois de Lula indicar que pode não aceitar ir para
o regime semiaberto, como pediram à Justiça os procuradores da Lava Jato.
"Faz parte desse contexto de não assimilar o resultado do julgamento.
O ex-presidente desfruta de uma condição especialíssima. Ele não está preso num
estabelecimento que é destinado a todos os presos, ele está na dependência da
Polícia Federal, uma situação absolutamente especial. Até em função da condição
dele, e porque ele responde a outros processos, se entendeu adequado que ele
permanecesse. Pode-se dizer que é uma regalia",declarou Laus em entrevista
à rádio Gaúcha.
Na solicitação do MPF-PR, realizada na última semana, os procuradores
afirmam que Lula tem bom comportamento e está na iminência de cumprir 1/6 da
pena, o que lhe garantiria o benefício. Ele está preso pela condenação no caso
do triplex do Guarujá (SP).
De acordo com o artigo 112 da Lei de Execuções Penais (LEP), a progressão
de pena pode ocorrer "quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto da
pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário, comprovado
pelo diretor do estabelecimento".
Em carta divulgada na segunda, o ex-presidente declarou que não aceita
'barganhar' por sua liberdade. Segundo a defesa de Lula, a progressão do regime
não pode ser imposta, e que ele não aceita qualquer condição colocada pelo
Estado por não reconhecer a legitimidade do processo que o levou à prisão.
O presidente do TRF-4 falou, durante a entrevista, que já recebeu
manifestações da comunidade que vive no entorno da PF em Curitiba,
"pedindo várias vezes que o ex-presidente saia" da cidade.
"Ele sabe que não é bem-vindo onde ele está. O fato de ele recusar um
benefício, é uma situação extraordinária. Uma vez implementado o tempo
necessário à progressão, ele progride de regime, e pode ser requerido pelo MP,
porque o sistema tem a necessidade de oferecer a vaga a outra pessoa",
completou.
Mesmo com a divulgação da carta, recusando-se a aceitar o benefício, no
entendimento de Laus, não impacta nas avaliações dos desembargadores que vão
julgar sua segunda condenação no TRF-4, na ação do sítio de Atibaia. O
julgamento ainda não foi marcado.
"O ex-presidente se considerar injustiçado, faz parte do manual de
quem conhece a justiça criminal. Ele tem todo o direito de não aceitar o
julgamento, mas seria importante que, como ex-presidente, ele internalizasse o
fato, elaborasse o fato, porque sua responsabilidade foi reconhecida com base
em provas. Ele não vai mudar a realidade dos fatos", garantiu.
Laus assumiu a presidência do TRF-4 em abril deste ano. Nesta função, ele
não participa das sessões de julgamento.
Blog: O Povo com a Notícia
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