Com o início dos empreendimentos da Chesf,
foram instaladas também as primeiras barragens, a exemplo de Sobradinho, na
Bahia, distante aproximadamente 450 km de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), que
garantiu a regularização dos recursos hídricos do São Francisco. Considerado um
dos maiores lagos artificiais do mundo, com 4.214 km² de área e 34,1 bilhões de
m³ de água, ele funciona como a grande caixa-d’água do Nordeste, acumulando
volume suficiente para assegurar a continuidade da geração de energia elétrica
e beneficiar os usos múltiplos do rio.
Com
períodos bem definidos de vazões elevadas de novembro a maio, a fase úmida, e a
seca, com pouca chuva de maio a novembro, o Rio São Francisco teve a sua
segurança hídrica garantida com a instalação das barragens. Percorrendo os
Estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, o rio é fonte
não apenas para a geração de energia elétrica, como também para o consumo
humano, a navegação, o turismo e a irrigação. O polo de fruticultura irrigada
em Petrolina, por exemplo, teve o seu desenvolvimento propiciado por
Sobradinho.
Por
todo o seu caráter estratégico, o Velho Chico é monitorado e acompanhado pela
Chesf há 71 anos. As informações coletadas são úteis não apenas para a empresa,
mas para todos os demais usuários. Desde 2013, a população enfrenta o pior
período de chuvas no São Francisco. Isso fez com que algumas medidas fossem
adotadas na convivência com a seca, afetando todos os que fazem uso do rio. O
setor elétrico se adequou, gerando menos energia no São Francisco e mais em
fontes alternativas, como eólicas, fotovoltaicas, e trazendo energia de outras
regiões do País. Mesmo vivendo crise tão severa, não houve problema de
atendimento energético no Nordeste.
No
passado, a Chesf operava Sobradinho com uma vazão mínima de 1.300m³/s. Com a
escassez das chuvas e a redução no nível do reservatório, foi gradativamente
autorizada pelos órgãos competentes, como o Ibama e a Agência Nacional de Águas
(ANA), a redução da vazão, tendo sido mantido, em alguns momentos, o valor
mínimo de 550m³/s em 2018. Para se ter uma ideia, durante o racionamento do
Nordeste, em 2001, a vazão era de 1.000m³/s.
Atualmente,
Sobradinho está com cerca de 36% de sua capacidade e libera uma vazão média de
1000m³/s. Esse gerenciamento tem sido muito mais para a questão hídrica dos
usos múltiplos da água do que propriamente para a geração de energia.
A
geração de energia tem acontecido também por outras fontes, como a eólica, que
já tem uma grande quantidade instalada na região Nordeste. A Chesf incluiu em
seu planejamento a implantação de geração solar, sendo esse o caminho que a
empresa deve trilhar. A incidência solar abundante no semiárido fez com que
fosse instalada uma planta fotovoltaica no Lago de Sobradinho. Pesquisas também
apontaram que a instalação das grandes placas solares no lago minimiza a
evaporação do reservatório.
A
complementaridade das fontes também é muito significativa na combinação do
parque de geração hidrelétrica e da eólica. No período de chuva na Bacia do São
Francisco, há pouco vento, mas durante a seca é o inverso. Isso representa uma
vantagem significativa para a alternância das fontes. Hoje, as questões
ambientais e a própria dificuldade de se construir novas barragens levam a
empresa a investir em outras alternativas.
Para
garantir o volume de água no São Francisco, foi preciso reduzir a retirada de
água do rio e monitorá-lo, readequando as atividades e reduzindo o impacto.
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