Os tambores da companhia Shell
encontrados no litoral do Nordeste, em meio ao derramamento de borra de
petróleo em 2 mil quilômetros da costa brasileira, foram produzidos e comercializados
por empresas do grupo Shell localizadas na Europa e no Oriente Médio. As
informações são do jornal O Estado de São Paulo. O governo ainda investiga se o
material da empresa é o mesmo que polui 187 pontos da costa brasileira desde o
fim de agosto.
A reportagem teve acesso a detalhes das informações repassadas pela
companhia anglo-holandesa às autoridades brasileiras. No documento sigiloso, a
Shell encaminha ao governo brasileiro dados de dois compradores dos produtos
encontrados no Brasil. A primeira é a empresa Hamburg Trading House FZE, uma
distribuidora baseada nos Emirados Árabes , que adquiriu 20 tambores do lote
encontrado na costa brasileira. O segundo cliente é a empresa Super-Eco Tankers
Management, baseada em Monrovia, na Libéria, na África Ocidental, que comprou
cinco tambores do lote da Shell.
Segundo informações técnicas da Shell, a Super-Eco Tankers Management, que
comprou cinco tambores, "potencialmente opera em águas brasileiras".
A distribuidora dos Emirados Árabes, na avaliação da empresa, é menos provável
que passe pela costa do Brasil. A multinacional informa ainda, no documento,
que a identificação do produto no tambor como "Argina S3-30" é
produzido e comercializado em vários países. Foi por meio do código do tambor
iniciado com o número "55", que a empresa identificou que se trata de
produtos produzidos na Europa e no Oriente Médio.
O lote de tambores, que tem data de 17 de fevereiro de 2019, foi produzido
em Dubai pela Shell Markets. Depois, esses tambores foram comercializados por
outra empresa do grupo, a Shell Eastern Trading (SET) no Porto dos Emirados
Árabes. As informações foram enviadas à Shell Brasil por meio da SET.
No documento, a Shell informa que o primeiro tambor encontrado com a
logomarca da empresa "não foi produzido ou comercializado pela Shell
Brasil" e que se trata, efetivamente, de um "produto líquido límpido,
de coloração âmbar", diferente do que está invadindo o litoral do
Nordeste.
Na avaliação do governo, a hipótese mais forte sobre a origem do crime
ambiental, neste momento, é de "navio fantasma", embarcação
clandestina que faz o contrabando de petróleo. Análises da Petrobras e da
Marinha já apontaram a origem venezuelana do material encontrado nas praias. O
governo Nicolás Maduro, porém, nega que o óleo seja do país vizinho.
Blog: O Povo com a Notícia