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terça-feira, 4 de outubro de 2022

“Lula segue com 70% de chance de vencer”, diz CEO de instituto que menos errou

O cientista político Andrei Roman, CEO do AtlasIntel, instituto que menos errou nos resultados da pesquisa presidencial deste ano, afirma que o ex-presidente Lula segue o favorito da disputa, com uma probabilidade de 70% de chance de vencer, na comparação com 30% de chances de Bolsonaro.

O instituto ganhou reputação a partir de 2020, por ter sido reconhecido entre especialistas americanos como o que mais acertou resultados nas eleições presidenciais daquele país. Agora, entretanto, previu na pesquisa de sábado 50,3% para Lula e 41,1% para Bolsonaro no primeiro turno, dentro de uma margem de erro de 1%. O resultado foi 48,43% para Lula e 43,2% para Bolsonaro.

Nesta entrevista à coluna, Andrei diz onde enxerga o erro e explica por que prevê que, caso quem se absteve no primeiro turno saia para votar no segundo, o movimento tende a favorecer Lula.

Leia abaixo os principais pontos da conversa.

Dentre todos os institutos, o AtlasIntel teve o menor desvio do resultado, o chamado RMSE, mas, ainda assim, também errou, porque o resultado registrado pelo instituto em 1º de outubro foi fora da margem de erro de um ponto. A que você atribuir esse erro?

Na nossa pesquisa, Lula foi superestimado em dois pontos e Bolsonaro em dois pontos e os demais estavam dentro ou perto da margem de erro. Do ponto de vista técnico, a pesquisa errou porque os resultados dos dois primeiros estavam fora da margem de erro. Mas ainda assim fomos a pesquisa que chegou mais perto. Houve uma subestimação do Bolsonaro em São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, e isso impactou a pesquisa nacional. Isso aconteceu porque uma desmobilização do eleitorado mais moderado, que, comparecendo, teria votado mais em Lula. E simplesmente esse eleitorado não apareceu. Já o eleitorado de Bolsonaro e o lulismo mais duro foi votar. Isso sugere que pode haver uma contra-onda no segundo turno, com o eleitorado mais moderado indo votar, o que tende a ser positivo para o Lula.

O Atlas foi o único a acertar na Bahia, no Ceará, no Senado pelo Rio Grande do Sul, por São Paulo e no Rio de Janeiro, mas também houve resultados estaduais errados. Por quê?

Das nove pesquisas estaduais que fizemos, acertamos o resultado em seis: Ceará, Bahia, Goiás, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina, além de termos sido a pesquisa que chegou mais perto do resultado final nessas seis praças. Nas outras três, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, erramos. Em São Paulo, houve um movimento de última hora de eleitores do Garcia indo para o Tarcísio, e a razão é que esse eleitorado já previa que o Garcia seria derrotado no primeiro turno e, para evitar que o Haddad chegasse ao segundo turno muito forte, decidiram já votar no Tarcísio para deixá-lo forte na disputa. No Rio, erramos na de governador. A penetração do Cláudio Castro no interior do estado foi forte, com uma nítida fraqueza de Freixo para estruturar uma campanha regional. A força do voto da máquina pode ter feito a diferença na reta final, mas pode ter havido uma subestimação nossa da força do Castro. No Rio Grande do Sul, acreditamos que muitos eleitores não conheciam Pretto, e no dia da eleição votaram no 13, o que também não captamos.

Qual a probabilidade com que o AtlasIntel trabalha para cada lado?

Considero que há 70% de chance de o Lula vencer e 30% de ser o Bolsonaro.

Se a forte abstenção que houve no primeiro turno, de 33 milhões de pessoas, for menor no segundo turno, quem é favorecido por isso?

Preponderantemente ajuda mais o Lula do que o Bolsonaro, porque o eleitorado do Bolsonaro é mais mobilizado do que o do Lula. Se esse eleitor sair de casa no segundo turno, tende a votar mais no Lula do que no Bolsonaro.

O controle por renda que o AtlasIntel faz na amostragem, diferentemente de outros institutos, pode ter sido a razão de ter chegado mais perto do resultado?

A Atlas sempre mostrou um nível muito acima para o Bolsonaro do que os demais, e acabou sendo o que aconteceu. O Datafolha de dezembro de 2021 mostrava Bolsonaro com 22% e nós mostrávamos 30%. Atribuimos esse resultado, entre outros fatores, ao controle por renda, sim.

Interlocutores petistas dizem que a estratégia será focar em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Está certa?

Sim, totalmente certa. E para o Bolsonaro deveria ser a mesma coisa. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, o Lula pode conseguir resultados melhores se mobilizar melhor seu eleitorado, para sair de casa. Em Minas Gerais, é diferente porque há o Zema. O governador eleito fazer campanha por Bolsonaro é algo muito perigoso para Lula. O eleitorado mineiro é historicamente volátil e de comportamento difícil de antecipar. Em várias eleições, votou para governador num partido e para presidente noutro. É um estado que está na fronteira das regiões Nordeste com estados do Sudeste, o que faz com que haja uma parte mais parecida com o Nordeste, outra com São Paulo, outra com Rio de Janeiro e Espírito Santo. Há todos os incentivos para o Zema fazer muita campanha pelo Bolsonaro, por convicção e por sentido político, porque acaba sendo uma pré-campanha para a Presidência em 2026. Isso, repito, é muito perigoso para o Lula.

Bolsonaro acerta ao reforçar o auxílio para mulheres, com um possível 13º salário?

Focar mais nos temas que são caros ao eleitorado que o rejeita mais, como os mais pobres e as mulheres, pode surtir pouco efeito. Os movimentos eleitorais mais interessantes ao Bolsonaro foram entre os homens, porque ele conseguiu colar o discurso anticorrupção, que é algo que afeta mais os homens e o eleitorado que ganha acima de três salários mínimos.

Afinal, houve voto envergonhado? Em quem?

Discordo da hipótese do voto envergonhado em Lula, mas claramente houve voto envergonhado em Bolsonaro e tínhamos na Atlas elementos para prever isso. A diferença menor entre Lula e Bolsonaro na nossa pesquisa, na comparação com outros institutos, me apontava que talvez a interação com a máquina, ao responder nossa pesquisa, estava fazendo este voto aparecer nos nossos resultados e não nos outros em que a interação era humana. (Via: Metrópoles)

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