O
ex-ministro da Casa Civil do governo Lula, José Dirceu, preso desde agosto
de 2015 por envolvimento com o esquema de desvios na Petrobras revelado pela
Operação Lava Jato, decidiu avaliar e apontar melhorias ao sistema carcerário
do país. Entre elogios e reclamações — falou mal, por exemplo, da corrupção. A
informação é do jornal O Estado de S.Paulo.
Condenado duas vezes pelo juiz Sergio Moro, há mais de 30 anos
de prisão, Dirceu, em longa carta enviada a amigos, relata sua rotina no
Complexo Médico-Penal, em Pinhais, na Grande Curitiba. No texto, o petista
conta a rotina na cadeia, a importância da disciplina e filosofa: “Preso
primeiro chora, depois chama a mãe e seus santos, e faz remissão (direito do
condenado de abreviar a pena mediante trabalho, estudo e leitura)”.
Segundo o ex-ministro, condenado também no escândalo do
mensalão, “o trabalho, a leitura, o estudo e a escrita transformam a
prisão em vida produtiva e criativa, além de passar o tempo de maneira útil e
agradável”. Ele também falou bem do acervo da biblioteca do presídio: “Em
geral, literatura brasileira e mundial, autoajuda, espiritismo, cristianismo,
catolicismo, correntes evangélicas. Nossos clássicos – e outros atuais – estão
à disposição”.
Segundo o jornal, Dirceu cita que, como os presos não podem ter
espelhos, “é preciso usar um prato grande e limpo” – e o quanto a prisão
favorece o cuidado com a saúde.
No fim da carta, o ex-ministro faz críticas à “falta de
trabalho, de colônias agrícolas e industriais, e de escolas”. E reclama do
sistema de execuções penais do Brasil. “O mais grave é a incapacidade do
Judiciário-MPF e dos juízes frente a um quadro de injustiça e ilegalidade único
– 40% dos presos são provisórios, não julgados. A tudo isso soma-se a
superlotação e degradação dos presídios. Fora a corrupção ou mesmo o
controle dos presídios pelo crime organizado”, escreve.
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