A presidente do STF (Supremo
Tribunal Federal), ministra Cármen Lúcia, afirmou nesta sexta-feira (07) que as
críticas recebidas pelo Judiciário a deixam receosa como "uma mulher que
apanha". Durante o 3º Encontro do Colégio
Nacional de Ouvidores Judiciais, em Belo Horizonte, a ministra comentou que,
nas últimas décadas, a população passou a acompanhar as decisões do Judiciário.
Cármen Lúcia defendeu a participação
do povo e contou um caso para ilustrar seu nível de preocupação com a opinião
pública. Ela, que é mineira, disse que estava, no último sábado, em um táxi em
BH quando leu um painel num edifício no centro da cidade. "Eu olhei de longe e falei:
'Nossa Senhora!'. Pra mim, tinha escrito assim: 'Fora, hoje é dia do Supremo'.
E aí eu interpretei: hoje é dia de pegar o Supremo", disse.
"Depois eu vi era: 'Oba, hoje é
dia do Supremo' e Supremo é uma marca de um produto que estava sendo
anunciado", completou Cármen Lúcia.
O taxista, que tinha reconhecido a
ministra, comentou que ela estava muito receosa. Cármen Lúcia emendou: "Eu
estou igual mulher que apanha. Na hora que alguém pega o chicote pra bater no
cachorro, ela já sai correndo".
"Isso de tanto que todo mundo me
fala o tempo todo, e denuncia, e critica o Judiciário. Como tem que ser mesmo
porque o povo não está satisfeito e nem eu", concluiu.
"Na democracia, nós temos o
grande desafio de comunicar à sociedade as ações, e a sociedade aqui não é
abstrata. É o conjunto de cidadãos de
carne e osso, que pede sapato, remédio, educação para o seu filho."
"Nesta mudança de quadro
democrático que nós temos no mundo, o cidadão hoje quer participar também das
decisões do Poder Judiciário. Não ditando as decisões, mas tentando entender as
decisões", afirmou Cármen Lúcia.
Segundo a ministra, os juízes, que
são servidores públicos, têm o "dever de comunicar bem e ouvir a
sociedade, apesar de termos que cumprir a lei mesmo que as decisões não sejam,
num determinado momento, o que o povo mais gostaria". "Até porque,
muitas vezes, a emoção domina, e o direito é razão", disse. (Via: Folhapress)
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