O silêncio e a desconfiança dominaram o velório e o enterro do presidente da Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiros de Pernambuco (ACS-PE) Albérisson Carlos da Silva, 50 anos, executado com quatro tiros na noite desta quarta-feira (16/2), na Madalena, Zona Oeste do Recife. A família evitou falar com a imprensa e tentou de todas as formas proteger a viúva de Albérisson, Verônica Maria de Souza Silva, que estava ao lado dele no momento do crime e é a principal testemunha ocular da execução.
O
velório atrasou aproximadamente seis horas e, por isso, aconteceu rapidamente
na sede da ACS-PE, na Rua Carlos Gomes, na Madalena, a 70 metros de onde
Albérisson foi assassinado. O carro do ex-presidente estava estacionado na Rua
Ricardo Salazar, ao lado da sede, hábito que tinha desde que ingressou na
associação, há oito anos. Ao chegar ao veículo, foi surpreendido por homens em
um carro branco e uma moto, que fizeram os disparos e fugiram. A viúva nada
sofreu.
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Muitos
policiais militares, amigos e familiares estiveram presentes no velório. Dois
dos três filhos de Albérisson passaram o dia no local e, à tarde, com a chegada
do corpo por volta das 15h, a viúva e o terceiro filho apareceram. Em pouco
tempo, uma carreata seguiu em direção ao Cemitério Parque das Flores,
localizado em Tejipió, na Zona Oeste do Recife. O enterro aconteceu por volta
das 17h.
As poucas pessoas que deram
declarações foram o vice-presidente da ACS-PE e atual presidente interino,
sargento Torres, o ex-ministro da Educação, Mendonça Filho, e o presidente da
Assembleia Legislativa de Pernambuco, Eriberto Medeiros. Mas sem qualquer
detalhe sobre a motivação do crime.
O sargento Torres, por exemplo, não quis informar, sequer, se Albérisson
Carlos vinha sofrendo algum tipo de ameaças. “Não posso falar sobre ameaças.
Confiamos no trabalho da Polícia Civil para desvendar esse crime. Albérisson
era um companheiro que lutou muito pela categoria e muito querido. Mas não
podemos falar mais nada. Acreditamos que a Polícia Civil vai descobrir quem fez
isso”, disse.
Robson de Castro, irmão do
ex-presidente da ACSP, foi quem mais conversou com os jornalistas, mas também
sem falar do crime em si, apenas sobre a pessoa que era o irmão e a saudade que
ele deixa. “Não tenho palavras para dizer o quanto ele foi importante na minha
vida. Foi um pai para mim. Meu irmão me criou por um tempo. Por ser o mais
velho, cuidava da gente. Sempre gostou de cuidar da família e tentou nos
engajar na polícia. Esse mesmo prazer tinha em cuidar da categoria. O que queremos
agora, além de justiça, é que o legado dele seja preservado. A dor é muito
grande”, afirmou, aos prantos.
INVESTIGAÇÃO
Uma equipe do Instituto de Criminalística de Pernambuco esteve no local do
homicídio pouco tempo depois do crime para realizar as perícias. O delegado
Sérgio Ricardo, de plantão no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa
(DHPP), também esteve no local. Mas nenhum dos policiais estava autorizado a
dar entrevista.
“Só havia uma perfuração de bala no capô do carro da vítima. E manchas de
sangue. Ele não chegou a entrar no veículo”, explicou o perito criminal Tadeu
Cruz, responsável pela perícia preliminar. Cruz disse ainda que nenhum projétil
foi encontrado no local.
Fontes ouvidas pelo JC apontam para a hipótese de crime político. Mas a
polícia prefere, neste primeiro momento, não descartar nenhuma linha de
investigação. Até agora, não há informações de suspeitos identificados ou
presos.
Em nota, a assessoria da Secretaria de Defesa Social (SDS) informou que “O
Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) está responsável pelas
investigações, e não haverá descanso até a elucidação do crime, assim como a
responsabilização penal de seus autores. A Polícia Militar, por meio de
unidades de área e especializadas, está envolvida nos trabalhos”.
“A SDS e suas operativas solidarizam-se com familiares, colegas de
trabalho e amigos de Alberisson Carlos neste momento de dor e perda. E reforçam
que todo o esforço será feito no sentido de esclarecer o homicídio e levar
responsáveis ao sistema de justiça criminal”, completou o texto. (Via: Jc)
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