Uma técnica de enfermagem é suspeita de ter agredido uma menina de 10 anos, paciente de home care, em Taguatinga Sul. Os episódios de violência foram registrados por uma câmera de segurança instalada no quarto da vítima. A criança, portadora de síndrome rara, vive acamada. Em uma das gravações, é possível ver o momento em que a cuidadora quebra o braço da garotinha.
Beatriz Almeida (nome fictício) nasceu com a síndrome de Moebius, um distúrbio neurológico que afeta os nervos cranianos que controlam os músculos da face e dos olhos. A condição leva à deficiência motora do rosto, resultando em pouca expressividade facial.
“Por conta da síndrome, minha filha desenvolveu outras anomalias. Ela também é autista nível quatro de suporte, considerado o mais grave dentro do espectro. Ela não fala, não anda e não come. Então, é 100% dependente dos cuidados de terceiros. Uma criança indefesa”, conta a mãe da menina, que terá a identidade preservada.
Desde que nasceu, Beatriz é assistida por atendimento domiciliar. Porém, as suspeitas de possíveis maus-tratos cometidos por uma das cuidadoras só surgiu há cerca de um mês, após uma médica da equipe alertar a mãe sobre o comportamento diferente da criança.
A suspeita das agressões era a técnica de enfermagem Fernanda Aparecida da Conceição Borges, que estava há seis meses cuidando da garotinha. Por temer que algo pudesse estar acontecendo com a filha, a mãe decidiu instalar câmeras de segurança pela residência, uma delas no quarto de Beatriz.
“Minha filha não verbaliza e, também, não chora. Então ela não conseguia demonstrar que estava sendo agredida ou machucada. Por conta do autismo, ela se automutila e se debate, não sabíamos se os hematomas eram decorrentes desses episódios ou se seriam de agressões vindas da cuidadora”, explica a mulher.
Os flagrantes das agressões aconteceram entre a última quinta e sexta-feira (21/2), na maioria deles enquanto a menina dormia. Diariamente, a mãe olhava as filmagens em que o quarto da filha estava com a luz acesa, pois não imaginou que essas agressões ocorriam durante o sono.
Imagens às quais o Metrópoles teve acesso mostram o momento em que Fernanda deita a criança puxando pelo pescoço e dá um murro nos joelhos dela. Em seguida, cobre o rosto da menina com um pano e, por fim, torce um dos braços dela, quando ocorre a fratura. A ação ocorreu na sexta-feira.
Vídeo:
Em outra gravação, a técnica de enfermagem dá um tapa no rosto da menina. Já em outro momento, a profissional puxa a orelha de Beatriz e enche a boca dela de gases, até que a menina não consiga fechar os lábios. “Ela fez isso para que minha filha não babasse, e não precisasse ficar limpando”, comenta a mãe.
Demissão
Na madrugada de sábado (22/2), a mãe percebeu a fratura no braço da menina, após o membro ficar completamente inchado e vermelho. “Precisamos acionar uma ambulância para levá-la ao hospital. Na unidade, os profissionais constataram que ela estava com o braço quebrado e tinha fraturas em diversas articulações do corpo, que já estavam se recuperando, então eram de agressões anteriores”, diz.
A família da criança nem teve tempo de confrontar Fernanda sobre as agressões, pois logo após terminar o plantão dela, na sexta-feira, a mulher pediu demissão da empresa que presta o serviço de home care e encerrou a linha telefônica dela. “Ela está incomunicável. Não temos informações sobre o paradeiro dela”, conta.
“Estou chorando há dois dias. É uma dor muito grande saber que minha filha passou por isso. Sensação de que não posso dormir, porque preciso protegê-la”, lamenta a mãe.
A menina precisou ficar internada no hospital durante o fim de semana, mas já recebeu alta para continuar o tratamento em casa.
O caso foi registrado como lesão corporal na 12ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Centro). A Polícia Civil do DF apura os fatos. (Via: Metrópoles)
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