Dessa vez a seca que castiga o Nordeste não
é o único problema. Cerca de 17 mil moradores dos municípios de Cabrobó e Terra
Nova, em Pernambuco, tinham água para plantar, desde que um dos trechos do eixo
norte da transposição do Rio São Francisco foi inaugurado, há 3 anos. Mas, de
repente, tudo acabou.
A água vinha dos canais
e dos reservatórios da transposição do Rio São Francisco. O de Serra do
Livramento é um deles. Tem capacidade para armazenar até 19 bilhões de litros.
Mas nenhuma gota tem entrado ou saído de lá. O abastecimento foi interrompido.
Há seis meses, o então
Ministério da Integração Nacional, hoje Ministério do Desenvolvimento Regional,
mandou fechar as comportas de três barragens. Desde então, a água está parada
nos canais. Ninguém foi avisado oficialmente sobre a suspensão.
“Os agricultores estão
aí sem nenhuma informação sobre se essas águas vão sair novamente ou não para
poder dar transportabilidade, porque a preocupação é muito grande. Porque o
pessoal plantou acreditando nessas águas da transposição”, explica Marco
Antônio Vasconcelos Cavalcanti, presidente do sindicato dos trabalhadores
rurais de Cabrobó.
Em nota, o Ministério do
Desenvolvimento Regional informou que a Barragem de Negreiros, que fica em
Salgueiro, precisou ser esvaziada para realização de reparos preventivos. E
que, por isso, o bombeamento nas estações de Cabrobó e Terra Nova não foi
restabelecido. A conclusão dos trabalhos está prevista para o fim do primeiro
semestre.
Em Terra Nova, quase 200
famílias tiveram que abandonar as terras. “Devido à insegurança hídrica que a
não liberação da água da transposição ocasionou. Com isso, tiveram que deixar
as suas terras por outras propriedades no município, e em municípios vizinhos
aqui de Terra Nova”, diz João Bosco Ferreira, diretor de cadastro rural da
Prefeitura de Terra Nova.
Em agosto de 2018, o
Jornal Nacional mostrou dois problemas neste mesmo trecho da transposição. Um
dos canais se rompeu, causando um grande desperdício de água. Uma semana
depois, houve um vazamento no reservatório de Negreiros, em Salgueiro.
Trinta e cinco famílias
tiveram que ser retiradas de casa às pressas por causa do risco de rompimento.
Os reparos ainda não foram concluídos. “Nós esperamos ansiosamente pelo
resultado dessa água, que alguém tome uma providência, porque nós não
aguentamos mais o sofrimento nesse lugar, de tanta perda em nossas lavouras”,
diz o agricultor José Ivan Ribeiro.
Blog: O Povo com a Notícia