O presidente Jair Bolsonaro
publicou em seu Twitter uma nota nesta terça-feira (7) em que exalta o escritor
Olavo de Carvalho e diz esperar que os desentendimentos públicos entre ele e os
militares do governo sejam “uma página virada”.
Bolsonaro afirma que a obra de Olavo de Carvalho foi determinante para sua
eleição presidencial em 2018 e que reconhece trabalho do escritor contra a
esquerda. Capitão reformado, Bolsonaro também cita sua admiração pelos
militares por sua formação.
“Cheguei na Câmara em 1991 e encontrei-a tomada pela esquerda num clima
hostil às Forças Armadas e contrário às nossas tradições judaico-cristã”,
escreve Bolsonaro. “Aos poucos, outros nomes foram se somando na causa que ele
defendia, entre eles Olavo de Carvalho. Olavo, sozinho, rapidamente tornou-se
um ícone. Seu trabalho contra a ideologia insana que matou milhões no mundo e
reiterou a liberdade de outras centenas de milhões é reconhecida por mim. Sua
obra em muito contribuiu para que eu chegasse no Governo, sem a qual o PT teria
retornado ao Poder. Sempre o terei nesse conceito.”
“Quanto aos desentendimentos ora públicos contra militares, aos quais
devo minha formação e admiração, espero que seja uma página virada por ambas as
partes”, completou.
Minutos após a publicação de Bolsonaro, Olavo respondeu: “Eu também
quero isso, presidente, mas não vou dar moleza aos inimigos da despetização.”
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 7 de maio de 2019
Considerado “guru” bolsonarista, Olavo de Carvalho tem feito duras
críticas ao general Santos Cruz, da Secretaria de Governo, dedse o fim da
semana. O ministro falou em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo sobre a
necessidade de se aprimorar a legislação que trata das redes sociais. Em
postagem no sábado (4), Olavo comparou o ministro a Ciro Gomes (PDT), candidato
derrotado à Presidência, e disse que Santos Cruz “fofoca e difama pelas
costas”. O ministro retrucou e, em entrevista, chamou o escritor de “um
desocupado esquizofrênico”.
Na segunda-feira, 6, um dos nomes mais respeitados nas Forças Armadas, o
ex-comandante do Exército general Eduardo Villas Bôas, chamou Olavo de “Trótski
de direita”, em referência ao revolucionário bolchevique, figura central da
guerra civil russa
Sem citar Villas Bôas, Olavo reagiu e, na madrugada desta terça,
escreveu: “Nem o (ex-presidente) Lula seria vil e porco o bastante para,
fugindo a argumentos sem resposta, se esconder por trás de um doente preso a
uma cadeira de rodas. Mas os nossos heroicos generais são”.
Em entrevista ao Estado publicada nesta terça, Villas Bôas diz que Olavo
presta um “enorme desserviço” para o País e que os ataques do escritor, que
costuma colocar outros nomes, entre eles o vice-presidente Hamilton Mourão,
como alvo, “passaram do ponto”.
Olavo de Carvalho tem negado que queira “tirar” Santos Cruz do cargo.
“Não sou um agente político, sou um escritor e professor. Não quero tirar o
Santos Cruz da p…. de ministério que ele ocupa. Quero apenas despertar sua
inteligência e seu senso moral para que ele corrija o imenso mal que está
fazendo. Fique com o cargo, mas tome jeito”, disse na Segunda-feira.
E reforçou nesta terça: “Nunca propus tirar ninguém de ministério
nenhum. Só o que quero tirar são ideias de jerico de algumas cabeças”.
Boa relação
Bolsonaro tem boa relação com Villas Bôas. Após deixar o comando do
Exército, o militar virou consultor do Gabinete de Segurança Institucional da
Presidência, órgão comandado pelo general Augusto Heleno. Em janeiro, o
presidente recém-empossado disse que Villas Bôas era “um dos responsáveis” por
sua eleição – fala similar à desta terça, sobre Olavo. Villas Bôas disse que
Bolsonaro resgatou Brasil de “amarra ideológica”. (Via: Estadão)
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