Ao comentar as conversas vazadas entre o
ex-juiz federal Sérgio Moro e o coordenador da força-tarefa da Operação Lava
Jato no Paraná, Deltan Dallagnol, o ministro Luiz Roberto Barroso, do Supremo
Tribunal Federal (STF), criticou a “euforia que tomou os corruptos e seus
parceiros”. Em entrevista à jornalista Andréia Sadi, da Globo News, divulgada nesta
terça-feira (11), o ministro afirma que não há nada a celebrar a partir das
reportagens do site The Intercept.
“A corrupção existiu e
precisa continuar a ser enfrentada, como vinha sendo. De modo que tenho
dificuldade em entender a euforia que tomou os corruptos e seus parceiros”,
declarou o ministro, ao falar das reportagens que indicam que o atual ministro
da Justiça Sérgio Moro teria dado dicas e orientado ações dos procuradores da
República que atuavam na Lava Jato, cobrando novas operações.
Barroso ressaltou que
tal euforia – gerada a partir de mensagens obtidas por meio de ação criminosa –
é difícil de compreender, porque há fato demonstrado a respeito da corrupção
investigada pela Lava Jato, com confissão, devolução de dinheiro e outras
evidências da existência dos crimes, mesmo “se houve algo pontualmente errado
aqui ou ali”.
“Porque
todo mundo sabe, no caso da Lava Jato, que as diretorias da Petrobras foram
loteadas entre partidos com metas percentuais de desvios. Fato demonstrado, tem
confissão, devolução de dinheiro, balanço da Petrobras, tem acordo que a
Petrobras teve que fazer nos EUA. A única coisa que se sabe ao certo, até
agora, é que as conversas foram obtidas mediante ação criminosa. E é preciso
ter cuidado para que o crime não compense”, alertou o ministro do STF.
Roberto Barroso ainda
pondera sobre os fatos que ainda estão sendo apurados e afirma que, somente ao
final, um juiz pode se manifestar.
“Sou juiz. Os fatos
estão sendo apurados. Juiz fala ao final da apuração – e se tiver que falar,
nos autos, de preferência. E não é hora de formar juízos sobre isso, ainda. Na
vida, o que é certo é certo, o que é errado é errado. Formamos juízo depois da
apuração”, declarou.
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