A policial civil punida pela Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS) por publicar vídeos no TikTok usando uniforme da corporação, distintivo e armas esteve entre os assuntos mais falados na internet nesta quarta (7). O nome dela entrou na nuvem de palavras do Programa Encontro, da TV Globo. Muita gente se perguntava: quem é Ruana?
Recifense, Ruana Pedrosa Andrade tem 31 anos. Ela entrou na Polícia Civil, em 2018, como agente. Ficou conhecida por compartilhar nas redes sociais vídeos com a farda da corporação e utilizando distintivo e armas. Também postou brincadeiras com a mãe, com amigas e com o namorado.
As gravações que geraram um processo administrativo e a punição publicada pela SDS na terça (6) começaram durante a pandemia, em março de 2021. Hoje Ruana tem mais de 290 mil seguidores no TikTok e milhares de visualizações em seus vídeos.
Em um deles, Ruana responde a perguntas de seguidores, fala sobre a sua formação e outros temas, como idade e os locais onde trabalhou antes de passar no concurso da Polícia Civil.
Antes de assumir o atual cargo, Ruana era soldada da Polícia Militar. Ela atuou no 6º batalhão, entre 2016 e 2018.
Formada em cinema pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e em direito pela Faculdade Joaquim Nabuco, também trabalhou por cinco anos em uma empresa de telemarketing, onde foi operadora e supervisora.
Entenda o caso
Ruana respondia desde 2021 a um processo administrativo pela publicação de vídeos no TikTok. A decisão determinando uma pena disciplinar de suspensão de 14 dias que foi revertida em multa saiu na terça (6) e foi baseada no Estatuto da Polícia Civil, sancionado em 1972 (veja vídeo abaixo).
Para o presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol), Rafael Cavalanti, a decisão foi direcionada, já que não se estende a todos os outros policiais que têm condutas semelhantes. Ele também afirmou ao g1 que "mais uma vez, a Corregedoria usada para perseguir policiais civis".
Na portaria que formaliza a punição, assinada pelo secretário de Defesa Social, Humberto Freire, a SDS alega que alguns dos vídeos de Ruana "possivelmente" foram produzidos "em recintos de unidades da Polícia Civil de Pernambuco durante o expediente".
O documento diz que o comportamento está em "desconforme às expectativas do padrão", e que ela negligenciou "os deveres zelar pela dignidade da função policial" que deve "ter conduta pública irrepreensível, ser discreta no exercício da função e ser leal às instituições constitucionais".
Os elementos são parte do Estatuto de 1972 da Polícia Civil. O conjunto de normas não cita especificamente a conduta nas redes sociais.
O único documento da polícia sobre esse meio de comunicação é uma portaria publicada em 25 de março de 2022. Ele não é usado como base para a decisão, já que foi publicado posteriormente ao início do processo contra Ruana Andrade.
O caso, desde o início, é acompanhado pelo setor jurídico do Sinpol, que informou que vai recorrer da punição e procurar a Justiça.
O sindicato lembrou, ainda, que Ruana Andrade já foi elogiada institucionalmente por participar da Operação Calcanhar de Aquiles, que investigou uma quadrilha suspeita de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, com bloqueio de R$ 90 milhões em bens.
O g1 PE entrou em contato com a Secretaria de Defesa Social (SDS), que informou, por meio de nota, que embora o estatuto usado na decisão seja anterior ao surgimento das redes sociais, traz "normativos específicos sobre o uso de fardamentos, armas, distintivos, divulgação de conteúdos nas dependências das unidades policiais, entre outras vedações".
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