Um homem condenado a 45 anos de prisão por estuprar as próprias filhas foi preso pela Polícia Civil, no Recife. Os crimes aconteceram em 2012, em Fernando de Noronha, e o homem estava foragido, sem cumprir pena. Ele foi encontrado quando visitava o pai em estado grave num hospital particular da capital pernambucana.
A prisão foi confirmada nesta quarta-feira (28) pela Polícia Civil, mas aconteceu na terça-feira (27), no bairro da Ilha do Leite. As vítimas foram duas meninas que, na época, tinham 4 e 10 anos de idade. O nome do criminoso não será divulgado para preservar as identidades das vítimas, hoje com 14 e 21 anos.
A Polícia Civil fez uma campana de dois dias em frente ao hospital, após receber a informação de que o pai dele estava na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O criminoso foi levado ao Instituto de Medicina Legal, no bairro de Santo amaro, no Centro do Recife. Lá, passou por exame de corpo de delito e foi para o Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima.
O homem foi condenado pelo crime de estupro de vulnerável, praticado em concurso material de crimes e continuidade delitiva. A pena dele foi, inicialmente, de 50 anos, mas foi reduzida para 45 em instâncias superiores.
O g1 conversou com as mães das duas meninas vítimas dos abusos. A palavra usada por ambas para descrever a notícia da prisão foi "alívio". Elas contaram que o homem, desde o início do caso, ficou preso por poucos dias. Ele recorreu do processo em todas as instâncias e fugiu antes de sair a última sentença.
"É um alívio, e espero que ele pague pelo que ele fez. Espero que a Justiça não solte ele. Vivemos dez anos e finalmente chegou o dia de ele pagar pelo que fez. Estamos aliviadas, porque é um monstro solto, que, da mesma forma que fez com as próprias filhas, pode estar fazendo com outras crianças", disse a mãe da menina que tinha 10 anos.
Outra mãe, da criança que tinha 4 anos, contou que viveu, durante todo esse tempo, com medo. "Todo dia minha filha vai para a escola sozinha e eu tenho medo. É muito injusto a gente ficar sentindo medo. Nossa denúncia foi a primeira de Noronha, e depois disso várias pessoas denunciaram e várias pessoas foram presas. Foi muita dor, mas hoje eu ajudo outras pessoas", afirmou a mulher.
Segundo as mães, os abusos aconteceram durante anos, inicialmente contra a menina mais nova, que até quando era bebê chegou a ser abusada. Depois, a mais velha presenciou uma situação de abuso da irmã e, com isso, o pai passou a abusá-la também.
Foi a mãe da menina mais nova que ouviu, pela primeira vez, relatos dos abusos da filha. Ela, então, questionou a outra mãe, perguntando se a filha dela havia falado algo.
"Minha filha negou, porque ele fazia ameaças e dizia que ia me matar se ela contasse. Foi aí que eu pressionei, e disse que ela iria para Noronha ficar com o pai dela. Aí, ela me contou tudo. Cheguei no delegado e disse que eu não tinha nada para falar, mas minha filha tinha, e pedi que ele a ouvisse", contou a mãe da menina de 10 anos.
Por meio de escuta especializada, a polícia conseguiu, em depoimento, informações sobre os abusos praticados contra a criança de 4 anos.
"Agradeço até hoje àquele psicólogo, que foi muito importante. Bateu um papo com minha filha e ela contou tudo, mais que o que me contava. Nós precisamos conscientizar crianças sobre o abuso. Não precisa explicar o ato sexual, mas contar que criança tem parte íntima, que ninguém pode mexer. Aí ela vai saber o que é o abuso, se acontecer. E uma criança informada tira a outra de uma situação parecida", disse. (Via: G1 PE)
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