A popularização da comemoração criou mitos sobre a festividade, entretanto, o que é o Dia das Bruxas? Em entrevista, a professora Cinthyan Reis, de Minas Gerais, que faz parte da cultura pagã, explicou alguns dos mitos e verdades sobre essa festividade, e sua importância para para o paganismo.
Origem
Muitas pessoas não sabem, mas a origem do Dia das Bruxas é datada há mais de 2 mil anos atrás, tendo ligação direta com os povos celtas da Europa, que comemoravam o Ano Novo, chamado de Samhain, no que hoje compreendemos como 1° de novembro.
O que hoje conhecemos como Halloween era, na verdade, a vespera do Samhain, onde as pessoas acreditavam que os espíritos caminhavam pela Terra em uma verdadeira jornada pós-vida.
Com a chegada da fé cristã, o Samhain começou a sofrer adaptações e ser ressignificado, incorporando feriados pagãos. O 1° de novembro passou a ser o Dia de Todos os Santos, após o decreto do Papa Bonifácio IV, no século 17.
"A resignificação acabou repercutindo no preconceito. Por exemplo, o Halloween acabou virando algo comercial, de venda de doces, mas é quando começa o Ano Novo Celta. Mas isso não foi ressignificado pelo paganismo, e sim pelo cristianismo, que sabia que não tinha como bater de frente e proibir. Mas eles tentaram, como é o caso da Inquisição. Entretanto, eles viram que não iria funcionar, pois ainda existiam celebrações de Samhain na casa das pessoas”, explicou Cinthyan.
Fantasias, cores e comidas
De acordo com Centro de Folclore dos Estados Unidos da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, as festividades do Samhain envolviam sacrifícios de animais aos deuses, reuniões ao lado de fogueiras e a utilização de pinturas e fantasias como forma de confundir os espíritos.
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Ao usarem pinturas faciais e máscaras, os povos celtas acreditavam que estavam se tornando e atuando como seus ancestrais já mortos.
As cores associadas a festividade são o laranja e o preto, e elas, nada mais são, do que a representatividade dos tons presentes durante o outono, onde iniciava as comemorações do Samhain.
Logo o doçuras ou travessuras, veio como uma forma de reproduzir um costume da época, em que os celtas realizavam uma brincadeira em que trocavam alimentos. O que já era comum nas oferendas aos deuses e aos espíritos, onde o povo deixava comidas e bebidas.
Halloween nos Estados Unidos
“Quase todas as datas importantes no calendário cristão, vem de uma festa pagã. A pascoa, o natal, são festas pagãs. A igreja católica ressignificou as comemorações e os símbolos, para fazer com que as festas não fossem mais pagãs. Mas continua sendo um símbolo que vem antes deles”, declarou a professora.
Mitos sobre o Halloween
A imagem da comemoração é muito associada a cultos satânicos bizarros, entretanto, essa é uma das lendas que rondam a celebração devido ao preconceito pela pluralidade de fé e tradições presentes no paganismo.
“O símbolo, por exemplo, da imagem do diabo como um homem com chifres e corpo de bode surgiu na Inquisição… essa imagem era do Deus masculino, que no paganismo chamamos de Cornífero. Tem o símbolo do pentagrama hoje tbm é dito como algo do demônio, quando ela apenas representa os cinco elementos (água,ar,terro,fogo e espirito) ou a deusa Morrigan”, explicou a pagã.
A professora destaca a importância de não perpetuar os preconceitos referentes a comemoração e a necessidade de realizar esse resgate ancestral. “O cristianismo quase destruiu a cultura pagã, mas sobrevivemos e agora muitos tentam estudar e recuperar o que foi perdido e é isso que importa no final. No paganismo a liberdade é intrínseca no seu eu! Se encontrar pra encontrar seu lado divino e sagrado. E obviamente acho lindo o sagrado feminino. Vivendo em um mundo completamente patriarcal, o paganismo entrega o oposto”, relatou Cinthyan.
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