Em
entrevista ao Jornal Nacional, o candidato atacou o presidente Michel Temer
(MDB) dizendo que Temer é uma “desgraça” para o Brasil.
A
retórica de Ciro Gomes ao falar de corrupção é normalmente encrespada. Mas o
presidenciável do PDT repetiu em entrevista ao Jornal Nacional: “Se eu for eleito, o Carlos
Lupi terá no meu governo a posição que quiser, porque eu tenho a convicção de
que ele é um homem de bem.” Ciro soou categórico: “O Carlos Lupi tem a minha
confiança cega, absolutamente cega.”
William Bonner recitou a ficha corrida do
presidente do PDT: Lupi responde a inquérito no Supremo sobre a possível compra
de apoio político para Dilma Rousseff, em 2014; foi delatado como beneficiário
de uma mensada de R$ 100 mil no esquema de corrupção do ex-governador
fluminense Sérgio Cabral; é réu por improbidade administrativa no Distrito
Federal; a Comissão de Ética da Presidência da República recomendou sua
demissão quando ocupava o cargo de ministro do Trabalho sob Dilma, o que acabou
acontecendo.
Ciro não se deu por achado. “A mim me
surpreende. Na minha opinião, essas informações não estão assentadas”, tentou
argumentar. “A informação que eu tenho é que ele não responde por nenhum
procedimento. Réu ele não é — com certeza, ele não é.” Bonner reiterou a
informação. Mas Ciro não deu o braço a torcer. Absteve-se até mesmo de se
imunizar com uma frase do tipo “não tenho compromisso com o erro…” Preferiu
manter a mão no fogo por Lupi.
Sempre que pode, Ciro chama Michel Temer de
“escroque”. Afirma que, eleito, desmontará o MDB, porque o partido “só existe
para roubar”. Declarou também que só cogitaria alianças com PP, DEM e
assemelhados, depois de um acerto com PSB e PCdoB, “porque a hegemonia moral e
intelectual do rumo estará afirmada.”
Hoje, o centrão encostou sua má fama na
candidatura de Geraldo Alckmin, o PSB virou linha auxiliar do PT federal e o
PCdoB está sentado no banco de reserva à espera do momento em que entrará em
cena como vice na chapa a ser encabeçada pelo poste petista Fernando Haddad.
Restou a Ciro a hegemonia moral proporcionada pela companhia de Carlos Lupi.
Consideradas todas as circunstâncias — das
rasteiras que recebe de Lula aos tropeços de sua língua —, Ciro faz uma boa
campanha. Continua no jogo. Mas deveria chamar o presidente do seu partido para
uma conversa franca. Nela, faria um pedido. Algo assim: “Meu querido companheiro
Lupi, não permita que eu diga sobre você nenhuma mentira que não possa ser
provada.” Do contrário, Ciro acabará se dando conta de que sua “confiança cega”
é prima de um bordão desgastado: “Eu não sabia.” (Via: Conteúdo Josias de Souza)
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