A propagação de resultados de
enquetes feitas em redes sociais, mesmo que realizadas com uso de ferramentas
de plataformas como o Facebook, contribui para a desinformação. Essas consultas
não têm rigor científico e não substituem as pesquisas eleitorais registradas
no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Um exemplo recente foi compartilhado pela página do Facebook Mais Saúde
Menos Corruptos, que publicou um infográfico apontando o candidato Jair
Bolsonaro (PSL) com mais de 86,57% das intenções de voto, seguido pelo petista
Luiz Inácio Lula da Silva (8,21%), pelo tucano Geraldo Alckmin (2,99%), pelo
pedetista Ciro Gomes (1,49%) e pela candidatada da Rede, Marina Silva (0,75%).
A fonte é uma página no Facebook, que saiu do ar nesta segunda (27),
chamada de Instituto de Pesquisa Oficial do Face. O projeto Comprova, coalizão
de 24 organizações de mídia brasileiras, dentre elas a Folha, que visa
identificar, checar e combater rumores, manipulações e notícias falsas sobre as
eleições de 2018, entrou em contato o proprietário da página, Sylvio
Montenegro, que se apresenta como diretor do instituto — na rede social, o
homem, que tem mais de 15 mil seguidores, se diz autônomo.
Para chegar aos resultados apontados na publicação em questão, Montenegro
utilizou uma metodologia sem qualquer base científica ou amostragem: dentre
cinco candidatos apresentados, os internautas deveriam escrever o nome do
favorito nos comentários. Segundo Montenegro, foram cerca de 500 votos. Ele
afirma que os institutos de pesquisa precisam olhar para as redes sociais.
Para outro levantamento, também feito por Montenegro, desta vez somente
entre Bolsonaro e Lula, foi utilizada a ferramenta de criação de enquetes do
Facebook que só permite duas opções de respostas. Segundo ele, foram mais de 1
milhão de votos, que também colocaram Bolsonaro na frente.
Os institutos de pesquisa fazem a chamada estratificação da amostra de
eleitores. Ou seja, selecionam um grupo de pessoas que representa o eleitorado
por sexo, faixa etária, escolaridade, renda e região em que mora. A montagem da
amostra da pesquisa é feita com dados oficiais do IBGE e do TSE.
Segundo o TSE, a divulgação de pesquisa fraudulenta constitui crime, punível
com detenção de seis meses a um ano e multa no valor de R$ 53.205,00 a R$
106.410,00.
É possível saber, no site do TSE, se uma pesquisa foi registrada. Confira
o passo a passo aqui.
MANUAL PARA NÃO PROPAGAR FAKE NEWS
Busque a fonte original;
Faça uma busca na internet: muitos casos já foram desmentidos;
Cheque a data: a "novidade" pode ser antiga;
Leia a notícia inteira;
Cheque o histórico de quem publicou;
Se a notícia não tem fonte, não repasse.
Blog: O Povo com a Notícia
Via: Folhapress