Pesquisas telefônicas semanais
funcionam como termômetro da receptividade dos candidatos pela fatia do
eleitorado que começou a definir seu voto.
É o que registra a 12ª sondagem presidencial divulgada no
final da semana pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas
(Ipespe) que ouviu mil pessoas em todo o país.
A seis semanas da eleição, confirma-se que de cada dez
eleitores, seis continuam relutantes em sair de casa para votar ou dispostos a
negar seu voto (anulando ou deixando-o em branco).
Por ora, eles dizem não se identificar com nenhum dos
candidatos que estão por aí, ou seja, que representam o tipo de liderança que
não desejariam mais ver na política.
Quatro em cada dez eleitores se dispuseram a indicar
candidatos de sua preferência. Na resposta espontânea, Bolsonaro e Lula
empatam, pouco abaixo da margem de 20%.
Os outros candidatos não chegam a cinco pontos percentuais
das intenções de voto. Isso ocorre, vale lembrar, em um quinto do eleitorado,
pois a ampla maioria afirma o desejo de não sair de casa, votar nulo ou em
branco.
Quando estimulados a escolher um nome, em cenário sem Lula,
obtém-se uma foto mais nítida das intenções eleitorais. Bolsonaro lidera
isolado, com o dobro de possíveis votos de Marina e Alckmin, e Ciro – mais
distante que os outros dois.
Para entender melhor, é preciso olhar o histórico dessa
pesquisa em 12 semanas, a partir de maio.
Nele, Bolsonaro teve seu melhor momento em maio (25%), caiu e
desde então se mantém estável abaixo dessa marca, dentro da margem de erro. O
mesmo ocorre com Marina (12%). Alckmin avança, logo atrás, para o patamar de
dois dígitos, e Ciro que alcançara esse nível, agora declina.
Fernando Haddad aparece muito distante, abaixo de Álvaro Dias
e junto a Manuela D’Ávila e Henrique Meireles, o que apenas confirma o fato de
que não é conhecido pelo eleitorado.
Isso porque, ao ser identificado como candidato de Lula, suas
chances se multiplicam por quatro, e ele passa a ocupar a segunda posição no
ranking, bem abaixo de Bolsonaro (que se mantém com o dobro), e com ligeira
vantagem numérica em relação a Marina e Geraldo Alckmin.
Esse fragmento da pesquisa do Ipespe, certamente, diz mais
sobre Lula do que sobre seu “poste”. Porque indica as limitações da capacidade
de Lula em transferir votos. Na mitologia petista, ele seria capaz de repetir a
eleição de um “poste”, como fez com Dilma em 2010 e 2014.
A sondagem do Ipespe sugere que não é bem assim: da cadeia em
Curitiba, Lula consegue transferir cerca de 40% das suas intenções de voto para
Haddad.
Já seria um grande feito político, mas, segundo a pesquisa,
na ausência de Lula, a maior parte dos seus possíveis votos (60%) seria
distribuída entre os demais candidatos. Os mais beneficiados: Ciro, Marina e –
acreditem – Bolsonaro.
Outra sondagem eleitoral, essa para consumo interno da
campanha de Paulo Câmara (PSB), governador de Pernambuco e candidato à
reeleição, reforça a ideia de que não será tão fácil assim para Lula transferir
para Haddad a maioria dos seus votos.
Pernambuco é o Estado mais lulista do país. Ali, segundo a
sondagem feita para Câmara e concluída na última quarta-feira, 81% dos
eleitores ouvidos (sim, você leu certo: 81%) responderam quer votarão em Lula.
Quando informados que o candidato de Lula será Haddad, apenas
14% dos 81% disseram que votariam em Haddad. O resto informou que irá pensar a
respeito ou que votará em outros nomes. (Via: Veja)
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