O resultado da pesquisa
estimulada do Ibope mostra por que vários candidatos majoritários do Estado
tentam colar seu nome à figura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O
ex-presidente está preso por corrupção em Curitiba, condenado em segunda
instância, e vive a iminência de ter a candidatura à Presidência enquadrada
pela Justiça Eleitoral na Lei da Ficha Limpa. Ainda, assim, aparece com 62% das
intenções de voto em Pernambuco.
Se o revés não abala a sua imagem em terras pernambucanas, a popularidade,
por outro lado, ainda não parece induzir os lulistas a votarem em um eventual
substituto. Em cenário sem Lula e com o atual candidato a vice na chapa,
Fernando Haddad, compondo a lista, os petistas alcançam 4%.
Com Lula, o segundo lugar, Jair Bolsonaro (PSL), aparece bem atrás, com
11%. Marina Silva (Rede), que no último pleito, em 2014, substituiu o
ex-governador Eduardo Campos – morto em um trágico acidente aéreo – aparece
agora com 4% da preferência do eleitorado. Ela foi a candidata mais votada em
Pernambuco no primeiro turno. Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB) têm 3%
dos votos.
A preferência do pernambucano pelo nome de Lula não está presente em uma
única parcela do eleitorado. O ex-presidente é majoritário desde os menos aos
mais instruídos. O grupo pesquisado que tem maior número de eleitores lulistas
é a parcela que estudou até a 4ª série do ensino fundamental, com 71% das
pessoas indicando voto nele. Em termos de renda familiar, o maior percentual de
votos no petista vem de pessoas que recebem até um salário mínimo, com 69% da
preferência desse eleitor. Até dois salários mínimos, Lula tem 64% da
preferência. Para quem ganha acima de dois salários, o percentual de
preferência é de 48%.
Candidatos à governador tentam se associar à imagem de Lula
Os principais
candidatos ao governo do Estado, Paulo Câmara (PSB) e Armando Monteiro (PTB),
disputam o posto de maior lulista na corrida. Enquanto Paulo tenta colar no
adversário a pecha de ser o representante do palanque de Michel Temer (PMDB) no
Estado, Armando ironiza o governador, lembrando que ele foi a favor do
impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e que pediu votos para Aécio
Neves (PSDB) no segundo turno da eleição presidencial de 2014.
À Rádio Jornal, semana
passada, Paulo disse ter se arrependido de apoiar o impedimento. Armando, por
outro lado, sempre lembra que cumpriu o papel de ministro de Dilma defendendo a
permanência dela no cargo até o final, mesmo tendo em seu palanque candidatos
ao Senado – Mendonça Filho (DEM) e Bruno Araújo (PSDB) – que votaram pelo
impeachment e que buscam agora os votos anti-PT.
Mas a força do líder
petista não está restrita ao Estado. No Nordeste, os candidatos, dos mais
variados partidos, querem ligar seus nomes ao de Lula, inclusive candidatos de
legendas que se coligaram com o presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB). É o
caso, por exemplo, do presidente do PP, o senador piauiense Ciro Nogueira. O
seu partido indicou para vice na chapa de Alckmin a senadora Ana Amélia (RS).
Mesmo assim, Nogueira participou de uma caminhada em Teresina com o petista
Fernando Haddad e com Wellington Dias (PT), que disputa a reeleição para
governador naquele Estado. Em entrevista à imprensa, o ex-governador da Bahia,
Jaques Wagner (PT), disse acreditar que Geraldo Alckmin não chega ao segundo
turno justamente porque todos os partidos do Centrão que estão com ele no plano
nacional preferem estar colados a Lula no Nordeste.
E defender o nome de
Lula não quer dizer estar com o PT, embora o governador Paulo Câmara ter dito
ontem que, se o ex-presidente não puder ser candidato ao Palácio do Planalto,
ele apoiará a candidatura de Haddad. Para chegar a essa parceria local com os
petistas, o PSB se comprometeu a ficar neutro no plano nacional, dispensando o
apoio ao candidato do PDT, Ciro Gomes. A “esnobada” socialista estimulou o PDT
a se aliar com o PROS para lançar o nome de Maurício Rands ao governo do
Estado, num chapa, que, inclusive, tem o deputado Sílvio Costa (Avante)
candidato ao Senado, que também se coloca como “o senador de Lula”.
Armando Monteiro,
por outro lado, já avisou que não tem compromisso com o candidato do PT no caso
de Lula não participar da eleição. Seu próprio partido, o PTB, é coligado com
Alckmin nacionalmente.
A estratégia de
Armando parece espelhar o que diz a pesquisa Ibope. Num cenário sem Lula,
Haddad não teria a transferência automática dos votos do líder petista.
Neste sentido, a
maior beneficiada em Pernambuco seria a candidata Marina Silva. Ela estará hoje
no Recife, às 14h, no Porto Social, cumprindo agenda de campanha com o
ex-prefeito de Petrolina Julio Lossio, candidato da Rede ao governo do
Estado.
Sem Lula no páreo,
Marina saltaria de 4% das intenções de voto para 16%. O segundo colocado neste
cenário seria o deputado Jair Bolsonaro, com 12%, mantendo o mesmo patamar de
votos do cenário com Lula e mostrando que tem pouca chance de herdar os votos
do petista aqui.
Ciro Gomes, que
aparece no cenário com Lula com 3%, subiria para 9%. Alckmin também cresceria,
passando para 6%. E Haddad, ainda pouco conhecido do eleitor pernambucano,
apareceria neste cenário com 4%.
Os votos brancos e
nulos, no entanto, saltariam de 10%, num cenário com Lula, para 37% sem ele. (Via: Jc Online)
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