A
conta de energia no valor de R$ 240 milhões por ano para bombear as águas do
Projeto de Integração do São Francisco (Pisf) não só pode deixar de ser rateada
pelos consumidores dos quatro Estados envolvidos como também deve se
transformar em uma oportunidade de negócio e criação de mais de 100 mil
empregos. Um estudo de viabilidade de geração de energia renovável ao longo do
curso da transposição, contratado pelo Ministério da Integração Nacional e
apresentado ontem no Recife, concluiu que a área dos canais que cortam
Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará pode ser usada para produzir
mais de 3 GW de capacidade instalada – superior à hidrelétrica de Xingó. Se a
decisão do governo federal for pelo aproveitamento máximo desse potencial, o
investimento ficaria na ordem de R$ 15,72 bilhões.
Foram desenhadas três alternativas de utilização do potencial
energético: a autoprodução (geração apenas da energia necessária para o
bombeamento), a energia escoável (com possibilidade de venda de parte da
energia produzida) e a geração total (aproveitamento de todo o potencial
identificado na transposição). Nesse último cenário, a capacidade instalada
chegaria aos 3,54 GW, potencial que já está atraindo investidores privados que
ficariam responsáveis pela maior parte dos aportes – apenas 7,9% dos custos
iriam para a conta da União.
“Nossa conclusão é que não só há viabilidade técnica para a geração como
também ela é interessante economicamente e importante do ponto de vista social
e ambiental. Ao levar a produção de energia aos canais, principalmente a solar,
evitamos ocupações e irrigações irregulares”, afirmou o sócio da AEA
Consultoria, José Mário Abdo, responsável pela análise.
A produção fotovoltaica (solar) foi a que apresentou maior
compatibilidade com o projeto e representa mais de 90% da capacidade instalada
máxima prevista. A fase de implantação dessas usinas pode gerar mais de 100 mil
empregos, a maior parte deles em Pernambuco, de acordo com o presidente da
Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSolar), Rodrigo Sauaia,
que participou da apresentação.
“Trata-se de uma iniciativa estratégica, com ação dos governos, em que
seria possível contribuir de forma indelével para o abastecimento de água,
geração de energia e para levar mais desenvolvimento para a região Nordeste”,
destaca Sauaia. Ele destaca, ainda, que a previsão de retorno dos investimentos
seria de cerca de quatro anos, período bastante atrativo para contratos que
duram pelo menos 20 anos.
ATRATIVOS
Outro fator
determinante para a atração dos investidores é o baixo custo com
infraestrutura. Ao aproveitar o curso dos canais, não seriam necessários gastos
com desapropriações, terraplanagem ou transmissão, tornando a instalação das
usinas solares mais rápida e barata. Também ficou atestada a ausência de riscos
ambientais, litígios fundiários e de presença de sítios minerais ou
arqueológicos.
Com a
comprovação técnica de que a geração de energia ao longo do Pisf é possível, a
previsão é que leve cerca de seis anos para a modelagem econômica, licitação,
leilão e conclusão da obra. “O próximo passo é definir o modelo econômico, se
haverá um leilão único ou se ele se dará em duas etapas, primeiro a licitação
do parceiro privado responsável pela obra e, depois, o leilão da energia
propriamente dita, promovido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)”,
detalhou o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Reive Barros,
que incentivou a realização do estudo. (Por Luiza Freitas - Jc Online)
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