A Polícia Federal (PF) investiga
um grupo que se autodenomina terrorista e ameaçou promover um atentado na
posse do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), em 1º de
janeiro. As apurações começaram com a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF),
que busca os responsáveis por colocar uma bomba ao lado da
igreja Santuário Menino Jesus, no centro de Brazlândia, na madrugada de
terça-feira (25/12), dia de Natal. O artefato foi desarmado pela Polícia
Militar.
O caso ocorre quase quatro meses após Bolsonaro, ainda
candidato, ser esfaqueado durante agenda de campanha em Juiz de Fora (MG). Até
hoje, o futuro mandatário do país faz uso de uma bolsa de colostomia para a retirada de fezes
devido à gravidade do ferimento na região abdominal.
A suposta organização,
chamada de Maldição Ancestral, mantém um site no qual diz estar “em
tocaia terrorística contra o progresso humano”. Na página da internet, são
disseminadas diversas mensagens de ódio e são pregados “o caos e o terror no
seio da civilização”.
O que chamou a atenção da Polícia Civil foi o fato de o grupo
ter assumido a autoria do atentado, inclusive postando fotos do artefato
explosivo antes de ser levado à igreja.
Em trechos de um texto publicado na internet, a suposta
organização criminosa diz o seguinte: “Se a facada não foi suficiente para
matar Bolsonaro, talvez ele venha a ter mais surpresas em algum outro momento,
já que não somos os únicos a querer a sua cabeça”.
A 18ª DP (Brazlândia) abriu
inquérito e, como no site foram identificadas uma série de ameaças a Bolsonaro,
a Polícia Federal precisou ser acionada. Na tarde de quarta-feira (26),
equipes da PF estiveram na delegacia da cidade para colher mais informações
sobre o caso.
O delegado-chefe da 18ª DP, Adval de Matos, afirmou ao Metrópoles que
o inquérito foi aberto para investigar os crimes sob jurisdição da PCDF – o
caso da bomba e ameaças contra padres da cidade que se manifestaram
favoravelmente a Jair Bolsonaro no período eleitoral.
O Metrópoles esteve em Brazlândia e presenciou quando as equipes da
Polícia Federal chegaram à 18ª DP. À paisana, os agentes colheram
informações e deixaram o local rapidamente. A reportagem procurou a
Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal, mas não obteve retorno
até a última atualização deste texto.
Alto poder de destruição
Na madrugada de terça (25), uma pessoa que passava em frente à igreja de Brazlândia estranhou a presença de uma mochila deixada ao lado do Santuário Menino Jesus e acionou a Polícia Militar. Após a PM verificar que se tratava de um artefato explosivo, o Grupo Antibomba do Batalhão de Operações Especiais (Bope) foi mobilizado. Depois de isolar as ruas próximas do templo, o material foi detonado, por volta das 4h.
Segundo o Bope, tratava-se de um artefato com considerável
poder de destruição. O dispositivo era formado por um cilindro de
extintor de incêndio composto por pólvora e pregos, além de um detonador
movimentado por um relógio. O suposto grupo extremista reivindicou a
autoria do atentado.
De
acordo com o funcionário do santuário onde a bomba foi detonada Jaime
Francisco, 58 anos, uma missa foi realizada no templo no dia em que o artefato
seria explodido. Segundo o trabalhador, havia cerca de 1 mil pessoas.
No entanto, a ameaça aconteceu horas mais tarde. “Já não tinha mais ninguém
aqui. Foi após a missa e o local estava fechado. Alguém viu a mala na rua e
acionou a polícia. Agora estão investigando”, disse.
Ligação com facções criminosas
Intitulada como uma espécie de “sociedade secreta”, a organização afirma ter ligações com duas das maiores facções criminosas do país.
“Nos alinhamos com o PCC [Primeiro Comando da
Capital] no que diz respeito aos planos de ataques terroristas com
explosivos C-4 que seriam perpetrados pela facção paulista durante as eleições.
Isso não é uma aliança, é um alinhamento criminal que se refere a objetivos,
logo a polícia pode também ser um alvo nosso, é parte de nosso posicionamento
antipolítico”, aponta outra postagem do grupo.
As investigações, agora, tentam chegar aos autores das
postagens. Um obstáculo é que a página na internet está hospedada em servidores
estrangeiros e, segundo os responsáveis, usa uma série de meios de
encriptação e anonimato.
Se indiciados, os integrantes do suposto grupo podem ser
enquadrados na Lei Antiterrorismo. Em caso de condenação, a pena prevista é de
12 a 30 anos de prisão. Tempo que pode aumentar devido a outros crimes, como as
ameaças e a tentativa de detonar artefato explosivo.
Preocupação com segurança
A solenidade que marcará o início da gestão de Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto está prevista para começar às 14h05 do dia 1º de janeiro. Um ensaio para ajustar ações de logística e do esquema de segurança foi realizado no último domingo (23). Outra simulação deve ocorrer no próximo domingo (30).
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) afirmou
na manhã da última segunda-feira (24), em sua conta oficial no Twitter, que a
segurança no dia da posse do seu pai será “inédita” porque a avaliação de risco
é “a maior da história”.
Haverá atiradores
estrategicamente posicionados no terraço do Palácio do Planalto e demais
monumentos da Praça dos Três Poderes: Congresso Nacional e Supremo Tribunal
Federal (STF). Militares também estudaram a área onde Bolsonaro receberá a
faixa presidencial e definiram pontos de observação.
Operação Antiterror nas Olimpíadas
As primeiras prisões feitas pela Polícia Federal no país com base na Lei Antiterror ocorreram em 21 de julho de 2016. Na Operação Hashtag, 10 pessoas foram detidas acusadas de integrar um grupo que preparava ações terroristas para as Olimpíadas do Rio de Janeiro.
De acordo com o ministro da Justiça à época, Alexandre de
Moraes, o bando utilizava aplicativos de celular, como Telegram e WhatsApp,
para conversar e organizar os atentados, que não chegaram a ocorrer.
Ainda segundo Moraes, contatos com o Estado Islâmico eram
feitos por meio de sites da internet, mas sem interação com a base. (Via: Metrópoles)
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