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quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Transposição do São Francisco deve ficar para Bolsonaro


A entrega do eixo norte da transposição do rio São Francisco, prevista para o fim do governo Michel Temer (MDB), deve ficar para a gestão de Jair Bolsonaro (PSL). A cerimônia havia sido confirmada para acontecer entre os dias 26 e 28 de dezembro, em Salgueiro, no Sertão Pernambuco, onde fica a terceira e última estação de bombeamento. Apesar disso, nesta terça-feira (25), o Ministério da Integração Nacional afirmou que não há “nenhum evento programado para os próximos dias”.

Temer fica no cargo até a próxima terça-feira (1º), quando transmite o cargo para Bolsonaro em Brasília, dois anos e meio após tomar posse.

Pensado desde o período do Império, o canal da transposição começou a ser construído em junho de 2007, no início do segundo mandato de Lula (PT). A previsão era de inaugurar o eixo leste ainda naquele governo e deixar o eixo norte com a maior parte concluída. Isso não aconteceu e o eixo leste, que vai de Pernambuco para a Paraíba, foi entregue em março de 2017, por Temer.

De Salgueiro, a água segue por gravidade até o Ceará. A previsão, segundo o governo do Ceará, é de que chegue ao estado em até o fim de fevereiro do ano que vem.


O ministério informou que as obras do eixo norte estão em fase final com mais de 97% dos serviços concluídos. De acordo com a pasta, responsável pela construção iniciada em 2007, todas as grandes estruturas para conduzir a água aos estados beneficiários estão prontas, entre estações de bombeamento, túneis, aquedutos e canais.

“Os trabalhos remanescentes continuam com turnos 24 horas, sobretudo no trecho entre os municípios de Salgueiro (PE) e Jati (CE), responsável por dar funcionalidade ao empreendimento”, afirmou a Integração Nacional em nota.

Além disso, a previsão é de que adutora opere inicialmente com apenas 20% do volume. Isso porque o que vai captar a água da transposição para levar até ela é a Adutora do Moxotó, que também deve ficar pronta em março, mas não tem a mesma capacidade do Ramal do Agreste.

O governador Paulo Câmara (PSB) decidiu fazer o caminho inverso e buscar água da transposição na Paraíba, através da Adutora do Alto Capibaribe.

Em nota, o ministério afirmou que “também é importante destacar que cabe ao Governo Federal entregar a água do Rio São Francisco aos pontos de captação inicialmente previstos nos quatro estados beneficiários. Já os governos estaduais têm a prerrogativa de estudar e implementar intervenções necessárias para levar o recurso hídrico aos municípios e às torneiras das casas da população”.

Disputa de paternidade

No ano passado, com a entrega do eixo leste, a transposição foi usada para aproximar figuras políticas do Nordeste. Na maioria das vezes em que viajou para o Nordeste, Temer visitou as obras. Em uma dessas visitas, inaugurou o eixo leste, onde a população ligou a chegada da água a Lula. Uma semana depois da entrega do empreendimento, o petista e a sua sucessora, Dilma Rousseff (PT), também fizeram uma “inauguração” informal.

O candidato do PSDB à presidência da República este ano, Geraldo Alckmin, após articular a doação de equipamentos da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) para os dois eixos da transposição, também tentou usar a obra para colar a sua imagem à região. Além dele, Ciro Gomes, que foi candidato pelo PDT, prometeu inaugurar o projeto, se fosse eleito.

Antes de deixar o governo, em maio de 2016, Dilma chegou a visitar Cabrobó, onde ficam a primeira e a segunda estações de bombeamento, e, já em tom de despedida uma semana antes de ser afastada pelo Senado, afirmou que ficaria triste se não visse como presidente a conclusão das obras.

A transposição é, ainda, uma das prioridades da equipe de transição de Bolsonaro.

Construtoras

Desde 2016, três construtoras ficaram responsáveis pelas obras do eixo leste, no trecho entre Salgueiro e Jati. A empreiteira que cuidava da obra desde o início era a Mendes Júnior, que pediu para deixar o canteiro em junho de 2016, um mês após Temer assumir a presidência, alegando dificuldade para obter crédito. A construtora é uma das envolvidas na Operação Lava Jato e foi considerada inidônea. As obras foram entregues pela Mendes Júnior com 94,52% de conclusão.

A licitação só foi iniciada seis meses depois da paralisação da obra e, após as duas empresas que apresentaram os menores preços terem sido desabilitadas por questões técnicas, o contrato foi assinado em abril de 2016.

Desde maio, a Ferreira Guedes é a empreiteira que toca o empreendimento. Isso aconteceu depois que o Ministério da Integração Nacional rescindiu o contrato com o consórcio Emsa-Siton, que venceu a licitação marcada por um processo judicial em 2017. Segundo a pasta, as empresas não tinham condições financeiras de continuar o serviço. 

Além de Pernambuco e Paraíba, o eixo norte vai beneficiar Rio Grande do Norte e Ceará.(Via: Blog do Jamildo)

Blog: O Povo com a Notícia