A decisão de comparecer ao lado
do ministro Sergio Moro (Justiça) no jogo do Flamengo contra o CSA no estádio
Mané Garrincha, em Brasília, e a uma cerimônia militar são provas de apoio ao
ex-juiz, declarou na quinta (13) o presidente Jair Bolsonaro a uma plateia de
evangélicos. Bolsonaro discursou durante 12 minutos em evento em comemoração
pelos 108 anos da Assembleia de Deus no Brasil, em Belém.
Foi tempo suficiente para que reiterasse apoio a Moro, defendesse
novamente a presença de um ministro evangélico no STF (Supremo Tribunal
Federal) e reproduzisse um episódio de sua campanha, quando foi flagrado,
durante debate, com as palavras Deus, Família e Brasil escritas em uma
mão.
A um templo lotado de fiéis -a capacidade é de cerca de 20 mil pessoas-,
Bolsonaro afirmou que escolheu o melhor time de ministros possível,
"elogiado até pela oposição". Neste momento, o público puxou o coro
"Moro, Moro".
O presidente lembrou que Moro abriu mão de 22 anos de magistratura para
poder assumir o cargo no Ministério da Justiça e mencionou a troca de mensagens
entre Moro e o procurador da República Deltan Dallagnol, reveladas pelo site
The Intercept Brasil.
O capitão reformado reconheceu que acusações pairaram sobre o ministro,
mas enfatizou que elas eram fruto de uma ação criminosa de
hackers. Diálogos exibidos pelo site mostram que ambos discutiam processos
em andamento e comentavam pedidos feitos à Justiça pelo Ministério Público
Federal enquanto integravam a força-tarefa da Lava Jato.
Moro nega que haja no material revelado "qualquer anormalidade ou
direcionamento" da sua atuação como juiz. Já os procuradores divulgaram
nota qualificando a revelação de mensagens de "ataque criminoso à Lava
Jato".
Bolsonaro usou o Dia dos Namorados, comemorado na quarta (12), para
reiterar seu apoio a Moro. "Não comprei presente para a senhora Michelle.
Dei-lhe um beijo. Ela se apaixonou mais por mim ainda e eu por ela."
Para Moro, disse o presidente, o apoio se deu na decisão de que o ministro
o acompanhasse nos dois eventos públicos. "Gestos dizem mais do que
palavras", disse. "Você olha nos olhos daquela pessoa e sente que
aquela pessoa quer o bem e acredita em você, isso não tem preço."
Durante o discurso, Bolsonaro fez vários acenos ao público presente. Em um
deles, lembrou do momento em que foi flagrado, durante debate na Rede TV, com
uma "cola" na mão com as palavras Deus, Família e Brasil. Neste
momento, o presidente exibiu ao público os mesmos dizeres em uma das
mãos.
Muito aplaudido, Bolsonaro lembrou ainda a controvérsia gerada quando
falou que estava na hora de o STF ter um ministro evangélico. "A reação
foi a mesma", disse. "O estado é laico, mas eu, nós todos,
somos cristãos", afirmou. "Respeitamos a maioria. Respeitamos a minoria.
Mas o Brasil é um país cristão." (Via: Folhapress)
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