O presidente Jair Bolsonaro fez a
primeira avaliação pública de seu discurso durante a abertura da Assembleia
Geral da ONU, nesta terça-feira (24), e classificou o pronunciamento de mais de
meia hora como "bastante objetivo e contundente", mas não
"agressivo".
Ao sair do hotel em que está hospedado em Nova York, o presidente afirmou
que estava "tentando restabelecer a verdade" e negou que tenha
atacado diretamente o presidente da França, Emmanuel Macron, e a chanceler
alemã, Angela Merkel. Os líderes europeus apontaram o risco de retrocessos na
agenda do Brasil para o meio ambiente.
"Foi um discurso bastante objetivo e contundente, não foi agressivo.
Eu estava buscando restabelecer a verdade das questões que estamos sendo
acusados no Brasil", afirmou Bolsonaro.
"Não citei o nome do Macron, nem o da Angela Merkel. Citei a França e
a Alemanha como países que mais de 50% do seu território é usado na
agricultura. No Brasil, é apenas 8%, tá ok?", completou.
Horas antes, diante das delegações dos países que compõem a ONU, o
presidente fez um discurso que reproduziu o repertório ideológico de seu grupo
político, com ataques a outras nações e um tom de enfrentamento em relação às
críticas sofridas por seu governo. Segundo o presidente, a imprensa estrangeira
reproduz notícias falsas que contribuem para a repercussão negativa da crise na
Amazônia, por exemplo.
Na ONU, Bolsonaro respondeu diretamente às cobranças e mencionou o que
chamou de espírito colonialista, num tom inédito em discursos de líderes
brasileiros na Assembleia Geral. "Um deles, por ocasião do encontro do G7,
ousou sugerir aplicar sanções ao Brasil, sem sequer nos ouvir", afirmou o
brasileiro, em referência a Macron.
O objetivo de Bolsonaro era marcar no discurso o que ele classifica como
uma nova era para o Brasil, segundo auxiliares. Nas palavras de um desses
assessores, que participou diretamente da elaboração do texto, a imagem que o
presidente queria imprimir era de um governo revolucionário.
Outro auxiliar que ajudou na construção do discurso afirmou que Bolsonaro
quis dar "sua voz e estilo" ao pronunciamento. Durante o processo de
construção do texto, ele disse algumas vezes que não queria se policiar ou se
pautar por ideias que não mostrassem a direção de seu governo e fez prevalecer
o tom mais assertivo da mensagem.
A reportagem apurou que o presidente ouviu opinião dos auxiliares que
chegaram ao consenso de que o discurso deveria ser de mais transgressão do que
moderação, para fazer com que a audiência "revisse paradigmas e não
ficasse apenas em avaliações de superfícies."
Após discursar na ONU, Bolsonaro assistiu à fala de Donald Trump e
retornou ao hotel. Por volta das 14h de Brasília, saiu para almoçar com
assessores. Disse a jornalistas que não sabia o local ao certo, mas iria
"num podrão aí fora." À noite, ainda de acordo com Bolsonaro,
participará de um coquetel com o presidente dos EUA.
Desde segunda (23), a comitiva brasileira tenta um encontro entre os dois.
Trump chegou a passar duas horas no hotel onde Bolsonaro está hospedado, em
reuniões com os presidentes do Egito e da Coreia do Sul, mas não encontrou o
brasileiro. (Via: Folhapress)
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