O Ministério da Educação (MEC) planeja duas
iniciativas para aperfeiçoar a formação de professores e a gestão de escolas no
país, de acordo o secretário de Educação Básica, Janio Endo Macedo (foto). A
primeira é o “Forma Brasil Docente”, que deve funcionar como uma base federal
para formação de professores. O programa vai incorporar as demandas surgidas
com a Base Nacional Curricular Comum (BNCC), documento que define as diretrizes
para os currículos da educação básica, e também as alterações nas Diretrizes
Curriculares Nacionais (DCNs) da formação docente, atualmente em discussão no
Conselho Nacional de Educação (CNE).
A
segunda iniciativa é o “Forma Brasil Gestor”, que vai propor uma matriz de
competências a ser seguida para conferir certificados de excelência a
diretores. O objetivo é indicar aos gestores estaduais e municipais quem são os
melhores quadros para comandar as unidades escolares. O ministério não vai
impor, entretanto, a necessidade da certificação como requisito para exercer
cargos de direção. A iniciativa é uma tentativa de, nas palavras de Macedo,
incentivar que a escolha leve em conta aspectos “meritocráticos”.
As
duas propostas foram apresentadas ontem pelo secretário durante o Educação 360
Encontro Internacional, na Cidade das Artes. O evento é uma realização dos
jornais O Globo e “Extra”, com patrocínio de Itaú Social, Fundação
Telefônica/Vivo, Colégio pH e Universidade Estácio, e apoio institucional de TV
Globo, Unicef, Unesco, Fundação Roberto Marinho e Canal Futura.
O
debate sobre as mudanças na formação docente vem desde o final do ano passado,
quando o então ministro da Educação, Rossieli Soares, entregou ao CNE uma base
nacional para a formação de professores. Junto com o colegiado, a nova gestão
do MEC analisou o documento e começou a construir um texto que vai levar em
consideração as mudanças já em curso nas DCNs e as demandas da BNCC. Macedo
explicou que a intenção é aprovar esse documento ainda neste ano e escolher
municípios-piloto para iniciar a implementação das novas metodologias de
formação.
— Com
a BNCC, a aprovação das DCNs e essa nova base de formação, temos condições de
estabelecer novo padrão de ensino para esses professores, afirmou.
Para
Macedo, a formação de docentes é importante para melhorar os índices de
aprendizagem dos brasileiros. Ele destacou que a produtividade no país não tem
crescido devido à falta de uma educação eficiente.
— Não
temos estratégia adequada de formação de professores, isso faz com que o jovem
não se interesse. A maioria faz curso à distância, temos estudantes mal
formados no ensino médio que vão fazer licenciatura e dar aula, analisou o
secretário.
Martin
Carnoy , professor da Escola de Educação da Universidade Stanford, discordou.
Para Carnoy, o problema principal não está no recrutamento dos jovens para a
carreira, mas na formação que eles recebem — o que exige investimento. Neste
ano, o MEC foi à pasta que sofreu o maior contingenciamento de recursos no
governo federal.
— Os
bons professores não nascem assim, eles são amplamente formados. Para formá-los
é preciso um grande nível de competência no assunto, além de saber como ensinar
determinada disciplina. Tudo reúne teoria e prática dentro do sistema de
ensino, apontou. — Precisamos treiná-los antes que entrem nas salas de aula, e
não depois.
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