Enquanto o governo mostra descaso com as
longas filas enfrentadas por desempregados e informais para receber o auxílio
emergencial de R$ 600 nas agências da Caixa Econômica Federal, quase 190 mil
militares foram contemplados com o coronavoucher sem qualquer trabalho.
Dados
do governo revelam que 189.695 militares da ativa, da reserva, reformados,
pensionistas e anistiados receberam o auxílio emergencial, totalizando R$
113.816.990,00.
O
Ministério da Defesa disse que “verifica a possibilidade de recebimento
indevido de valores referentes ao auxílio emergencial, concedido pelo Governo
Federal no período de enfrentamento à pandemia do coronavírus, por integrantes
da folha de pagamentos deste Ministério”.
As
irregularidades, segundo a Defesa, foram identificadas com o apoio do Ministério
da Cidadania.
A
pasta acrescenta: “Neste sentido, estão sendo adotadas as medidas para apuração
do ocorrido, visando identificar se houve valores recebidos indevidamente, de
modo a permitir a restituição ao erário e as demais considerações de ordem administrativo-disciplinar,
como necessário”.
Procurada,
a Caixa informou que é responsável apenas pelo pagamento dos auxílios
emergenciais, cujos dados são processados pela Dataprev, com base em
informações recebidas do Ministério da Cidadania.
Procurados,
a Dataprev e o ministério ainda não se pronunciaram. Alegam que estão esperando
as áreas técnicas se pronunciarem para saber o que aconteceu.
As
queixas de informais, desempregados, microempreendedores individuais são muitas
em relação ao coronavoucher. Muitos reclamam que já fizeram os cadastros no
site da Caixa, mas, até agora, não tiveram resposta.
As
filas em frente às agências da Caixa são intermináveis e se tornaram um risco
para muita gente por causa da pandemia do novo coronavírus. Ou seja, além de
não receberem a ajuda prometida pelo governo, as pessoas estão expostas a
pegarem a Covid-19.
Devolução
O
Ministério da Cidadania afirma em nota, que os militares que receberam
ilegalmente o coronavoucher de R$ 600 terão que devolver os recursos aos cofres
públicos.
O
ministério diz ainda que, depois de um período de adaptação, dispõe, agora, de
todos os CPFs atualizados de quem recebeu o coronavoucher. Portanto, tem como
chegar aos que não poderiam ter botado a mão no auxílio emergencial.
O
Cidadania destaca ainda que parentes de militares receberam o coronavoucher,
mas que isso está dentro das regras. “É importante destacar que, tanto para o
público do auxílio emergencial que fez a solicitação por meio do aplicativo ou
site da Caixa, quanto para os cidadãos incluídos no Cadastro Único e no
Programa Bolsa Família existem familiares de militares que receberam o auxílio
emergencial por se enquadrarem nos critérios legais, mesmo considerando a renda
do familiar militar, e não existe nenhuma norma que impeça este recebimento.
Portanto, se algum cidadão que cumpre os critérios legais recebeu o auxílio
emergencial, não é necessária a devolução do valor apenas porque um membro da
família é militar e recebe soldo”.
Blog: O Povo com a Notícia