Um protesto contra o o chefe da
PGR (Procuradoria-Geral da República), Augusto Aras, a sede do órgão foi alvo
de pichação na madrugada deste sábado (30).
Na placa de identificação do edifício, era possível ler
"Procuradoria-Geral do Bolsonaro". O sobrenome do presidente Jair
Bolsonaro foi escrito acima da palavra "República" no letreiro. A
pichação foi apagada pela manhã.
"A Procuradoria-Geral da República repudia o ato de vandalismo contra
sua sede, que já se encontra em investigação para responsabilização civil e
criminal quanto ao ato que danificou patrimônio público", afirmou a PGR em
nota.
"As medidas de reforço na segurança das unidades de todo o país serão
tomadas com a maior rapidez possível; bem como as demais medidas
administrativas que se fizerem necessárias", completou.
Na quinta-feira (28), Bolsonaro afirmou que Aras, hoje responsável por
investigações com potencial de atingir o presidente, é um nome forte a ser
indicado por ele para uma possível terceira vaga ao STF (Supremo Tribunal
Federal).
O chefe da PGR tem recebido críticas por uma atuação alinhada ao governo
Bolsonaro.
Os ministros Celso de Mello e Marco Aurélio terão aposentadoria compulsória na
corte no atual mandato de Bolsonaro (2019-2022) e devem ser substituídos por
nomes indicados pelo atual presidente –em novembro deste ano e em 2021,
respectivamente.
Uma terceira vaga para indicação de Bolsonaro surgiria no caso de
reeleição dele, de saída não programada de algum integrante da corte ou de
morte, por exemplo. Bolsonaro descartou a indicação de Aras para uma das duas
primeiras vagas, mas acenou para ele como uma possibilidade futura.
Ainda na quinta, cerca de 600 integrantes do Ministério Público Federal
pediram que o Congresso encaminhe uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição)
que obrigue o presidente da República a escolher para a chefia da Procuradoria
um nome a partir de uma lista tríplice escolhida em votação pela categoria.
No ano passado, Bolsonaro escolheu Aras para o cargo de procurador-geral.
O nome dele não estava na lista tríplice enviada pela ANPR (Associação Nacional
dos Procuradores da República).
Nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Dilma Rousseff (PT) e Michel
Temer (MDB), a lista enviada pela ANPR foi respeitada.
O ato contra a PGR ocorre em um momento em que a relação de Aras e
Bolsonaro é contestada.
O presidente é investigado por suspeita de ter tentado interferir
indevidamente na Polícia Federal, acusação feita pelo ex-ministro da Justiça
Sergio Moro.
Em meio ao avanço das investigações, o presidente fez uma visita surpresa
ao chefe da Procuradoria, o que foi visto como um ato de pressão sobre Aras.
Aras se manifestou na quinta-feira contra a apreensão do celular do presidente
solicitada por partidos de oposição neste inquérito.
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