O presidente Jair Bolsonaro chamou neste sábado (2) o ex-ministro Sergio
Moro de "Judas" e afirmou a apoiadores na porta do Palácio do
Alvorada que ninguém dará um golpe em seu governo. As informações são da Folha
de S. Paulo.
Bolsonaro falou sobre golpe a simpatizantes que criticavam o STF
(Supremo Tribunal Federal). "Ninguém vai fazer nada ao arrepio da
Constituição, fiquem tranquilos. Ninguém vai querer dar um golpe em cima de
mim, não, podem ficar tranquilos", disse.
A declaração foi dada depois de um dos apoiadores citar o Supremo.
"Fizemos vaquinha para vir aqui para te dar apoio para repudiar o que
aquele Supremo Tribunal Federal está fazendo com o senhor", afirmou um dos
presentes.
Pouco depois, em rede social, o presidente publicou um vídeo sobre as
suspeitas em relação ao mandante da facada que levou na campanha de 2018.
"Os mandantes estão em Brasília?", escreveu.
"O Judas, que hoje deporá, interferiu para que não se
investigasse?", disse Bolsonaro, citando o depoimento que Moro prestará
neste sábado à Polícia Federal sobre as acusações que fez contra o presidente
ao sair do governo. "Nada farei que não esteja de acordo com a
Constituição. Mas também NÃO ADMITIREI que façam contra MIM e ao nosso Brasil
passando por cima da mesma Constituição", completou.
A informação divulgada na noite desta sexta-feira (1º) de que Moro
prestará depoimento neste sábado, em Curitiba, elevou a tensão nas redes
sociais bolsonaristas. A narrativa nessas redes sociais de aliados de Bolsonaro
é de um golpe de Estado em curso arregimentado pelo STF, que nos últimos dias
impôs uma série de derrotas a Bolsonaro, como a suspensão da posse de Alexandre
Ramagem como novo diretor-geral da Polícia Federal e a derrubada das restrições
à Lei de Acesso à Informação.
As hashtags #GolpedeEstado e #GolpedoSTF figuram entre os assuntos do
momento no início da madrugada deste sábado, com mais de 250 mil tuítes somando
as duas. A oitiva de Moro foi marcada após o ministro Celso de Mello, do STF,
dar o prazo de cinco dias para a corporação ouvir o ex-ministro.
Moro deve detalhar as declarações dadas ao pedir demissão do Ministério
da Justiça e Segurança Pública, no último dia 24. Em entrevista à revista Veja,
ele afirmou que tem provas para incriminar Bolsonaro e disse que as
apresentaria à Justiça. O ex-ministro acusou o chefe do Executivo de
tentar interferir na autonomia da PF para ter acesso a relatórios de
inteligências e a investigações em curso, o que não é permitido.
Para isso, Bolsonaro queria exonerar Maurício Valeixo do comando da
instituição, o que gerou o atrito com o então ministro Moro, e nomear alguém
que tivesse relação direta. Ao se despedir do governo, o ex-juiz da Lava
Jato disse que o desejo do chefe do Executivo era indicar Alexandre Ramagem
para o comando do órgão.
Ramagem foi chefe da segurança de Bolsonaro após ele ter sido eleito
presidente, quando se aproximou da família se tornou amigo do vereador Carlos
Bolsonaro, investigado pela PF sob suspeita de articular esquema de
disseminação em massa de informações falsas.
Bolsonaro nomeou, de fato, Ramagem para o cargo. O ministro Alexandre de
Moraes, do STF, no entanto, suspendeu a indicação por entender que não
observava os princípios da impessoalidade e da moralidade pública. Além dos
integrantes da PF, três procuradores da República acompanharão o depoimento.
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