Mesmo antes da pandemia do novo
coronavírus se alastrar pelo Brasil, as comunidades indígenas já sofriam com a
precária assistência do governo, além da crescente onda de invasões em seus
territórios.
Só nesta última semana, o povo Fulni-ô, em Pernambuco, registrou
13 casos confirmados (seis deles entre profissionais indígenas da saúde), com
quatro infectados, sete curados e dois óbitos. Além disso, existem mais dois
casos de óbitos suspeitos. Um número preocupante se considerarmos que a
população desta etnia é de 4.529 (Sesai, 2013), ou seja, são 2,9 casos para
cada 1.000 indígenas. Os dados são da Rede de Monitoramento de Direitos
Indígenas em Pernambuco (Remdipe).
Em relação aos povos Pipipã e Pankará, os dois óbitos ocorridos não foram
em seus territórios, sendo o caso da recém-nascida Pipipã e o da idosa Pankará
de 69 anos (primeiro óbito entre os povos desta etnia), que faleceu no começo
do mês e teve a confirmação para a Covd-19 na última quarta-feira (12/5).
Somados todos os casos, são 18 indígenas testados positivo para a doença entre
os povos Atikum, Fulni-ô, Pankararu, Pankará e Pipipã.
DISPUTA
POR TERRAS
Em meio à luta árdua contra a pandemia, os povos indígenas também se viram
ameaçados pela Medida Provisória 910/2019, conhecida como "MP da
Grilagem", que trata da regularização fundiária de ocupações de terras da
União, permitindo a obtenção de título sem vistoria prévia em áreas de até
1.400 hectares em alguns municípios da Amazônia, e autoriza invasores que
entraram em terras até dezembro de 2018 a se tornarem proprietários. A validade
para votação da MP seria nesta terça-feira (19/5). Após pressão da oposição,
formada por movimentos sociais, artistas e organizações ambientalistas, a
votação foi adiada.
CAMPANHA DE ARRECAÇÃO
Em conjunto, a Comissão de Juventude Indígena em Pernambuco (Cojipe), a
Comissão de Professores(as) Indígenas em Pernambuco (Copipe) e a Articulação
dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme),
lançaram uma campanha de arrecadação de recursos para combater o avanço do
coronavírus entre as comunidades indígenas. As doações serão utilizadas na
compra de produtos para a higienização e EPI’s. Os interessados podem fazer
depósitos em conta bancária. Importante: o comprovante do depósito deve ser
enviado para indigenas.contra.covid.pe@gmail.com,
para prestação de contas.
Campanha: Indígenas contra a covid-19
Banco: Bradesco
Agência: 0286
Conta corrente: 131829-2
CNPJ: 03449406/0001-44
Banco: Bradesco
Agência: 0286
Conta corrente: 131829-2
CNPJ: 03449406/0001-44
CRÍTICAS
Para a realização desta matéria, entramos em contato com o Sesai, buscando
obter esclarecimentos acerca de possíveis medidas de assistência aos povos
indígenas no estado durante a pandemia. Porém, até o fechamento da matéria, não
obtivemos respostas. É importante frisar que entidades da sociedade civil estão
preocupadas com a subnotificação da pandemia entre a população indígena, isso
acontece porque os dados do órgão levam em conta apenas indígenas que moram em
aldeias, excluindo os chamados "indígenas urbanizados". (Via: Folha PE)
Blog: O Povo com a Notícia