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segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Avaliadas em mais de R$ 500 mil, 120 pistolas da prefeitura de Ipojuca estão entre as 326 armas roubadas da Polícia Civil

roubo de 320 armas armazenadas no depósito da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), da Polícia Civil, no Recife, teve mais um desdobramento. A prefeitura de Ipojuca, no Grande Recife, confirmou, nesta segunda (13), que 120 pistolas de calibre ponto 40, avaliadas em mais de R$ 500 mil e que pertenciam ao patrimônio da cidade, estavam entre as armas levadas.

As armas foram incorporadas ao patrimônio de Ipojuca após a doação feita pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), em 11 de maio de 2020. Ainda segundo a administração, essas pistolas estavam guardadas no depósito da Polícia Civil, considerado de “extrema segurança”.

Elas seriam usadas pelos guardas municipais, após a conclusão de todas as etapas de adequação do armamento da corporação, previsto pela Polícia Federal.

O caso do roubo das armas da Core foi divulgado, pela primeira vez, em janeiro deste ano. Em agosto, a Polícia Civil deflagrou a Operação Reverso.

A ação cumpriu 22 mandados de busca e apreensão e investigou 18 suspeitos, que foram presos. Entre eles, estão cinco policiais, sendo quatro civis e um militar.

Segundo a corporação, esses armamentos foram comercializados no mercado ilegal por uma organização criminosa da qual os policiais faziam parte.

Entre os policiais civis estão três comissários da Core e outro de uma unidade administrativa da corporação.

Nesta segunda, por meio de nota, a Secretaria de Defesa Social (SDS) informou que “a subtração de armas do Core foi devidamente investigada pela polícia.” O inquérito já foi concluído e enviado para a Justiça.

Ainda na nota, a SDS disse que, “além de investigar e punir com rigor, nos âmbitos criminal e administrativo”, a Polícia Civil realizou um “amplo inventário de materiais apreendidos” e adotou novos protocolos de segurança.

Também por nota, a Polícia Civil informou que o inquérito e “seus anexos” estão em poder do Judiciário e do Ministério Público de Pernambuco (MPPE).

Questionado pelo G1, o Tribunal de Justiça de Pernambuco informou que processo tramita em segredo de Justiça e que, por isso, não pode revelar detalhes.

“Desse modo, a nossa assessoria não tem como divulgar informações sobre seu trâmite, decisões, julgamentos ou recursos, ficando o acesso aos dados processuais limitados apenas às partes e aos seus advogados/representantes legais", informou o comunicado do Judiciário.

Também questionado pelo G1, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) afirmou que enviou a denúncia no dia 2 de setembro para 18ª Vara Criminal da Capital, “em desfavor de 20 pessoas”.

Em nota, o MPPE disse que toda a toda a investigação ocorreu sob sigilo. O MPPE não disse quais seriam os alvos do processo nem os motivos pelos quais existem 20 pessoas apontadas no documento, enquanto a polícia declarou que foram presas 18 pessoas.

Ipojuca

Em maio de 2020, a prefeitura de Ipojuca publicou no site oficial material sobre a doação das 120 pistolas, em convênio com a PRF.

Segundo o município, eram armamentos da marca Taurus, do “mesmo modelo utilizado pela Polícia Militar de Pernambuco”, e que seriam “usados pela Guarda Municipal de Ipojuca na proteção e segurança da população e do patrimônio da cidade”.

No dia da solenidade, o secretário de Segurança Urbana da cidade, Oswaldo Moraes, disse que, depois da doação, seria necessário cumprir mais etapas do processo para armar a guarda, de fato.

No texto publicado no site, o secretário disse que seria necessária, por exemplo, a assinatura do termo de cooperação técnica com a Polícia Federal.

Naquele momento, informou a prefeitura, os guardas teriam que ser treinados para usar aquelas armas doadas pela PRF. O efetivo da corporação municipal tinha, então, 436 homens.

Nesta segunda (13), o secretário Oswaldo Moraes afirmou ao G1, por telefone, que as armas doadas pela PRF e que foram roubadas da Core faziam parte do patrimônio do município, de fato, mas nunca foram entregues para serem usadas realmente.

Segundo ele, o município optou por armazenar os armamentos no depósito, enquanto não construída a sua armaria, conforme as regras da Polícia Federal.

“Seguimos todos os trâmites previstos pela Polícia Federal. O problema é que a lei mudou nesse período. Assim, todas as vezes que a gente se adequava, surgiam novas exigências. Deixamos as armas no depósito da Core, por causa da segurança”, afirmou.

Segundo o secretário, agora, a prefeitura está adotando procedimentos administrativos para demonstrar que os armamentos estavam guardados no depósito da polícia e que não podem mais fazer parte oficialmente do patrimônio municipal.

“É uma organização criminosa trabalhando para outras organizações. Não tinha como prever um caso como esse”, declarou.

Operação

Os detalhes da Operação Reverso foram divulgados em entrevista coletiva concedida pela cúpula da Polícia Civil, em 12 de agosto deste ano.

Segundo a polícia, espingardas, revólveres, pistolas e submetralhadoras levadas do depósito da Core eram “oferecidas” no mercado e quem colocasse o melhor preço ficava com elas.

Na Polícia Civil, a Core é responsável por dar apoio operacional a delegacias, proteger autoridades ameaçadas e oferecer treinamento a policiais para o uso de armas. Outra função é a guarda de armamento usado pelos policiais ou apreendido com criminosos.

A ação investigou crimes de peculato (desvio de dinheiro público), corrupção e comércio ilegal de arma de fogo, além de formação de organização criminosa. A Justiça também determinou o bloqueio de bens das pessoas envolvidas no esquema criminoso. (Na íntegra a matéria do G1 PE)

Blog: O Povo com a Notícia