O ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a defender nesta segunda-feira a privatização de estatais como Banco do Brasil e Petrobras num horizonte de dez anos. Ele também afirmou que o Mercosul passa por um momento de transformação e sugeriu que, se a Argentina estiver insatisfeita, pode se retirar da área de livre comércio.
O Brasil, que atualmente ocupa a presidência do bloco, defende a redução da tarifa externa comum (TEC), ponto que é rechaçado pelos argentinos. Questionado também sobre seus planos para o país em dez anos, Guedes falou sobre intensificar a agenda de privatização, acenando com a venda da Petrobras e Banco do Brasil.
A avaliação do ministro é de que a Argentina vive um momento
delicado, mas Brasil, Uruguai e Paraguai querem dar um passo a frente. Para
isso, espera que a Argentina some uma “unanimidade” no consenso, ainda que
tenha alguma diferença no tratamento de uma nova regra.
"O Mercosul vai se modernizar e quem estiver incomodado
que se retire", afirmou durante evento virtual nesta segunda-feira.
Segundo Guedes, o Mercosul travou o avanço de Brasil e Argentina, que se
tornaram “prisioneiros” de uma plataforma que perdeu efetividade e que precisa
ser modernizada.
"A nossa posição é de avançar. Nós não vamos sair do
Mercosul, mas nós não aceitaremos o Mercosul como ferramenta de ideologia. O
Mercosul tem uma proposta muito clara: ele tem que nos permitir, ele é uma
plataforma de integração na economia global", afirmou Guedes.
O ministro
acrescentou: "Se ele não entregar esse serviço, nós vamos modernizar
e os incomodados que se retirem. Um dia a Argentina falou isso para os outros:
‘olha o Mercosul é como é e quem não quiser que se retire’. Vamos devolver isso
para a Argentina". disse.
Procurada, a Embaixada da Argentina em Brasília preferiu não
comentar as declarações de Guedes.
O ministro também falou sobre seu plano para o Brasil em dez
anos, que inclui o avanço na agenda de privatizações, incluindo gigantes como a
Petrobras e Banco do Brasil, e mudanças estruturais que possam impulsionar um
ritmo de crescimento mais forte.
"Qual plano para os próximos dez anos? Continuar com as
privatizações, Petrobras, Banco do Brasil, todo mundo entrando na fila, sendo
vendida e sendo transformada em dividendos sociais", afirmou, fazendo
menção ao plano de uso do Fundo Brasil, que abarcaria recursos obtidos com as vendas
das estatais para ser repassado aos mais pobres.
Ele ainda ponderou que as privatizações não aconteceram no
ritmo esperado, mas destacou o volume de R$ 240 bilhões em dois anos e meio com
subsidiárias e afirmou que “as grandes” virão agora, fazendo menção à
Eletrobras e aos Correios.
Mais cedo, durante evento da Caixa Econômica, Guedes criticou
o Senado por não ter aprovado a medida provisória (MP) 1.045, originalmente
criada para recriar programas como redução de jornada na pandemia, que foi
acrescida de uma série de mudanças trabalhistas.
A MP também recebeu dois programas de bolsas do governo, para
jovens e idosos, que poderiam trabalhar em governos e empresas ganhando metade
de um salário mínimo por meio período, com o objetivo de criar meios para estes
grupos entrar no mercado de trabalho, mas os projetos, que segundo o governo
poderia criar dois milhões de ocupações temporárias, as os projetos caíram
junto com a MP.
Após as críticas, o ministro da Economia pediu ao Congresso
para aprovar as propostas que vão permitir ao governo turbinar o Bolsa Família,
substituindo o programa pelo Auxílio Brasil.
Para isso, o ministro citou a Proposta de Emenda
Constitucional (PEC) que permitirá o parcelamento dos precatórios – dívidas
contra a União reconhecidas pela Justiça, com a aval do Conselho Nacional de
Justiça e a reforma do Imposto de Renda, que prevê a taxação de lucros de
dividendos.
"Nós precisamos do Congresso e nós precisamos,
posteriormente, de uma interpretação do Supremo Tribunal Federal, com quem
temos conversado. A PEC dos precatórios abre espaço fiscal e o imposto de renda
é a fonte de recursos para o reforço do Auxílio Brasil, dentro do
teto", disse Guedes, acrescentando:
"Não faltarão os recursos para os vulneráveis, para
reforçarmos o auxílio emergencial, mas também dentro do compromisso de
responsabilidade fiscal. O Auxílio Brasil dentro do teto, com responsabilidade
fiscal exige esse apoio do Congresso, a PEC dos precatórios e um lado e a
reforma do Imposto de Renda, pelo outro lado", comentou.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, antecipou que o
resultado do mercado formal de trabalho de agosto virá positivo. Os dados ainda
serão anunciados pelo ministro do Emprego e Previdência, Onyx Lorenzoni nesta
semana.
Segundo Guedes, o Brasil está gerando entre 200 mil e 300 mil
todo mês e vai superar a marca de três milhões, desde o início da pandemia do
novo coronavírus. (Via: Agência Brasil)
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