Qualquer coisa que envolva Valdemar Costa Neto, presidente do Partido Liberal (PL), dono da terceira maior bancada de deputados na Câmara, dispensa os protocolos policiais que exigem indícios para a abertura de investigação.
Valdemar é o indício. Sua
ficha corrida é longa. Em 2002, vendeu caro o apoio do PL à eleição de Lula. Em
2005, renunciou ao mandato de deputado federal para escapar aos efeitos do
escândalo do mensalão do PT. Foi inútil.
Acabou julgado e condenado a sete anos e 10 meses de prisão. Atrás das
grades da Penitenciária da Papuda, continuou mandando no partido. Cumpriu pena
em regime semiaberto e aberto e depois em casa, usando tornozeleira eletrônica.
É
um dos líderes do Centrão. E, por isso, Jair Bolsonaro o consultou na última
sexta-feira sobre o que se passava no Banco do Nordeste, sociedade de economia
mista, de capital aberto, que tem mais de 90% de seu capital sob o controle do
governo federal.
Por
que consultá-lo se ali quem manda é o governo federal? Porque a diretoria do
banco foi indicada pelo PL de Costa Neto. E porque, refém do Centrão, Bolsonaro
não pode dar-se ao luxo de demitir, sem mais nem menos, afilhados de partidos
do Centrão.
E o que se passava no banco? A
diretoria estava prestes a renovar contrato de 600 milhões de reais por ano com
a ONG Instituto Nordeste Cidadania, suspeita de ligações com o PT. E Bolsonaro,
só de ouvir falar do PT, tem crise de urticária.
Então, o que fez Costa Neto? Como ele contou em vídeo postado nas redes
sociais, telefonou para o presidente do banco, inteirou-se de tudo e enviou um
ofício ao chefe da Casa Civil, o ministro Ciro Nogueira (PP-PI), autorizando a
demissão da diretoria do banco.
No ofício, ele não diz que
autoriza, diz que pede a demissão da diretoria. Mas dá no mesmo. Bolsonaro deve
sentir-se à vontade para agir. É como ele mesmo disse ontem a um grupo de
devotos no cercadinho do Palácio da Alvorada: (Via: Metrópoles)
“Está insatisfeito comigo? Tem eleição ano que vem, é só mudar.”
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