Em isolamento no Palácio da Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou, nesta quinta-feira (23), que questionou a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) sobre a orientação para que ele e os demais membros da comitiva que tiveram contato com o ministro Marcelo Queiroga (Saúde) cumprissem quarentena.
Queiroga recebeu teste positivo para Covid-19 durante a viagem de Bolsonaro a Nova York, para participar da Assembleia Geral da ONU. O ministro permanece em Nova York em isolamento. A Anvisa, por sua vez, recomendou que todos os membros da comitiva que tiveram contato com Queiroga também ficassem em quarentena.
Por causa do isolamento, a transmissão feita do Palácio da Alvorada foi diferente da que ocorre normalmente. A intérprete de libras que costuma acompanhar o presidente estava em outro cômodo e apareceu numa tela separada. "Então está todo mundo afastado", disse Bolsonaro, referindo-se a assessores que estavam na sala.
Durante a live, Bolsonaro repetiu argumentos negacionistas sobre a pandemia da Covid-19, alguns deles usados no discurso do presidente na Assembleia Geral da ONU. Além de colocar em dúvida a eficácia de imunizantes, ele voltou a defender o chamado tratamento precoce contra o vírus, baseado em medicamentos ineficazes.
"O ministro Queiroga tomou as duas doses da Coronavac e está infectado. Vivia de máscara e está infectado. Você pode atrasar, mas dificilmente você vai evitar isso daí. É muito difícil evitar", declarou.
Embora a Coronavac seja um dos pilares do plano nacional de imunização, sendo a principal opção disponível no início da campanha de vacinação, Bolsonaro realiza constantes ataques contra ela. Essa vacina é trunfo político do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), adversário político do mandatário.
Bolsonaro alegou defender a "autonomia do médico" e disse que o "tratamento off label" é um direito desses profissionais.
Os termos usados por Bolsonaro são usados para propagar o uso de medicamentos como a hidroxicloroquina e a ivermectina contra a Covid, embora eles não sejam eficazes para a doença. Em outro trecho, Bolsonaro investiu de novo contra vacinas.
"Quem tem mais chances de transmitir o vírus? Eu atualmente –sem vacina– ou o Queiroga vacinado? Isso não é uma exceção, é uma realidade", declarou.
A fala de Bolsonaro é incorreta. Os imunizantes protegem a população, mas, como qualquer tratamento de saúde, não garantem 100% de eficácia.
Ele ainda levantou dúvidas sobre a vacinação de adolescentes, embora o próprio Ministério da Saúde tenha recuado e voltado a indicar que esse público receba imunizantes contra a Covid-19. (Via: Folhapress)
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