Artigo recente divulgado pelo periódico Viruses analisou a quantidade de linhagens do vírus SARS-CoV-2 (Covid-19) identificadas nas cinco regiões do Brasil. De acordo com o estudo, 61 linhagens foram encontradas no País.
Na região Nordeste, 29 variantes do coronavírus foram detectadas, sendo a Gama (689 genomas), variante brasileira, a de maior prevalência. Em seguida, a Zeta, variante que surgiu nos Estados Unidos, foi a segunda linhagem com maior predomínio na região Nordeste.
“Com base no software Pangolin, mostramos a presença de 61
linhagens SARS-CoV-2 nas regiões brasileiras, com alta predominância da
variante Gama”, diz o estudo, que ainda ressalta que, na América do Sul, Brasil
e Chile apresentam taxas de mutação semelhantes às da África do Sul e Índia.
“Esses números indicam que tais regiões são, de fato, hotspots (ponto de
partida) para o surgimento de novas variantes”, conclui.
Por sua vez, o
pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-PE) Gabriel
Wallau explica que o número de variantes não é algo muito preocupante,
mas, sim, a cepa em si, que pode ser mais perigosa que outra. “Apesar de que o
número de variantes não significa praticamente nada para entender a pandemia ao
meu ver. Uma vez que uma ou poucas variantes que realmente importam para as
ondas de infecção”, detalha.
Segundo sequenciamento genético da Fiocruz-PE, até o momento,
no mês de agosto, a variante em predominância em Pernambuco é a Gama. São 45
casos contra 6 da linhagem Delta. Ainda de acordo com Wallau, os números ainda
não estão fechados. “Até o fim de setembro novos resultados serão liberados com
novas rodadas de sequenciamento para o mês de agosto”, diz.
Por outro lado, nacionalmente, a variante em dominância desde
agosto é a Delta. “No Brasil, não há informação da comparação Delta com Gama. É
complicado compará-las e dizer quem é pior”, acrescenta o pesquisador.
Para o médico infectologista
do Hospital Oswaldo Cruz Filipe Prohaska, as variantes surgem para o
bem ou para o mal, na medida em que podem ser mais fortes ou fracas. O
médico ainda explica que as variantes podem ser classificadas como "de
atenção", como a MU, da Colômbia, da qual ainda não se tem muitos estudos.
Além desta, a variante "preocupação" é a de maior risco,
como Gama, Alfa, Delta. “A Gama tem uma gravidade maior que outras, já a Delta
tem maior transmissibilidade”, diz
Em Pernambuco, no entanto, ainda não são sequenciados muitos
casos, como acontece no Rio de Janeiro, alerta o médico. “Com isso, há um
resultado mais fidedigno das variantes, e é preciso realizar mais
sequenciamentos aqui”, ressalta.
Prohaska ainda pondera que, para frear essas variantes, é preciso de vacinação em massa de forma global. “Mesmo com o Brasil vacinando, devemos lembrar que há países em atraso. As variantes surgem da falta de imunidade coletiva da população. Enquanto o mundo não estiver vacinado, essas variantes continuarão em formação. A melhor forma de prevenção é o uso de máscara, distanciamento social e higienização mesmo após a vacina.”, detalha o médico. (Via: Portal Folha PE)
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