Em coletiva de imprensa em Caruaru, no Agreste de Pernambuco, nesta quarta-feira (08), o delegado Bruno Machado afirmou que a mãe e a companheira presas suspeitas de matar uma menina de três anos, no domingo (05), justificaram que cometeram o crime porquea criança havia feito uma “birra”.
Segundo o delegado, titular da 19ª Delegacia de Polícia de Homicídios
(DPH), que colheu os depoimentos das mulheres, a sessão de tortura que culminou
na morte de Ayla Lorena Ribeiro da Silva começou na manhã do domingo (05).
“Elas acordaram no domingo pela manhã e iniciaram o
uso de maconha, quando, por volta das 10h, a criança realizou uma birra e, por
conta dessa birra, o início das agressões. Segundo as autoras, essas agressões
duraram cerca de 15 a 20 minutos. Havia uma pequena pausa e, assim que a
criança fizesse menção a chorar ou gritar por conta da dor que estava sentindo,
realizavam novas agressões“, detalhou o delegado Bruno Machado.
Por volta das 14h, as mulheres perceberam que a menina apresentava
dificuldades para respirar e começou a ficar roxa. “Elas teriam tentado uma
reanimação nessa criança, mas não obtiveram êxito“, acrescentou
Bruno Machado.
Em seguida, com a menina já morta, as mulheres pegaram uma quantidade de
droga que estava na residência e outros materiais de valor para arrecadar com a
venda cerca de R$ 800. Na noite do domingo, com esse dinheiro, foram de carro
de Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste de Pernambuco, até Sumé, na Paraíba,
onde terminaram presas.
A pequena Ayla Lorena era submetida a sessões constantes de tortura e
maus-tratos, segundo a polícia. O delegado Bruno Vital, também presente na
coletiva em Caruaru e gestor de Controle Operacional da Diretoria
Integrada do Interior (Dinter 1), afirmou que o corpo da criança tinha sinais
de espancamento com lesões recentes, em processo de cicatrização e já
cicatrizadas.
“A gente costuma dizer nas investigações que, às
vezes, a vítima não pode falar por estar morta, de repente, mas os sinais do
corpo falam. O que o o corpo daquela criança traz para nós é que ela vinha
sofrendo espancamento. Esse corpo diz para a gente que ela vinha sendo
submetida a espancamentos diários. E não é só a gente que está dizendo.
Testemunhas que foram adicionadas aos autos dizem a mesma coisa“,
declarou Bruno Vital.
Ayla foi encontrada morta na segunda-feira (6), em Caruaru, na casa onde
morava com a mãe de criação, no bairro do Alto do Moura. As autoras confessas
do crime fugiram, mas foram presas horas depois, na cidade de Sumé, no Cariri
da Paraíba. As prisões foram efetuadas em parceria entre as Polícias Civis dos
dois estados.
Ainda segundo o delegado ao Portal Folha PE, a perícia finalizada não foi entregue pelo
Instituto de Criminalística (IC). No entanto, em contato extraoficial com a
polícia, os peritos confirmaram que a causa da morte da menina foi traumatismo
cranioencefálico.
“É uma ação contudente de natureza violenta,
configurada como homicídio. Aguardamos o laudo do IML, que tem prazo de até 10
dias para ser entregue“, continuou o delegado Bruno Vital,
reiterando que as investigações continuam e outras pessoas ainda prestarão
depoimentos.
As mulheres foram autuadas por homicídio doloso consumado e estão
custodiadas pela Polícia Civil na Colônia Penal Feminina de Buíque, no Agreste
de Pernambuco. “Falta muita coisa a ser esclarecida, o trabalho não
está encerrado. Vamos avaliar a que tipo de crime ela [Ayla] foi submetida.
Torturas e maus-tratos serão investigados“, finalizou Bruno Vital.
Segundo Bruno Machado, as duas não apresentaram remorso ou arrependimento
pelo crime após terem sido presas. “Nenhuma das duas mostrou nenhum
tipo de arrependimento ou remorso pela ação praticada. Principalmente a mãe,
muito mais fria e sem mostrar nenhum tipo de arrependimento de ter matado a
filha“.
O corpo de Ayla foi sepultado no Cemitério São Roque na manhã dessa
terça-feira (7), em Caruaru. (Matérias relacionadas clique aqui)
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