O governo de Pernambuco orientou, nesta quinta (16), que os municípios mantenham a vacinação contra a Covid-19 para adolescentes entre 12 e 17 anos, sem doenças pré-existentes. Para isso, as 184 cidades devem usar apenas o imunizante da Pfizer.
Essa
medida adotada em Pernambuco contraria uma nota técnica publicada, horas antes,
pelo Ministério da Saúde (MS), que orientou a suspensão da aplicação do imunizante para
esse público.
Para o
governo federal, a imunização deve ficar restrita a três perfis específicos:
adolescentes com deficiência permanente, com comorbidades e que estejam
privados de liberdade.
A
manutenção da vacinação de adolescentes com a Pfizer em Pernambuco foi anunciada
durante entrevista coletiva concedida pelo secretário estadual de Saúde, André
Longo, no Palácio do Campo das Princesas, sede do governo do estado, no Centro
do Recife.
“Vamos continuar com o processo de vacinação.
Amanhã [sexta-feira], teremos reunião do comitê técnico Estadual de imunizações
e aguardaremos a posição oficial da Anvisa [Agência Nacional de Vigilância
Sanitária]”, afirmou André Longo.
Pernambuco
segue, assim, estados como São Paulo. O governo paulista orientou a manutenção da imunização para os
adolescentes. As prefeituras de Natal (RN) e Salvador (BA), no entanto, suspenderam a imunização desse
público.
Pouco antes
da coletiva, pelas redes sociais, o prefeito do Recife, João Campos (PSB),
anunciou que o município também vai manter a vacinação do público de 12 a 17
anos.
A
administração municipal disse que “aguardará a decisão do Comitê Técnico
Estadual e, até lá, "não haverá a suspensão de nenhum agendamento para
esse grupo”.
Durante a
entrevista, Eduardo Jorge Fonseca de Lima, representante da Sociedade
Brasileira de Imunizações, afirmou que vários países, como Estados Unidos,
França e Canadá, estão vacinando adolescentes saudáveis, acima dos 12 anos.
“A vacina continua a ser recomendada pela Sociedade
de Pediatria e pela Sociedade de Imunizações. Então, essa é a minha palavra
para tranquilizá-los”, afirmou.
Segundo
ele, os adolescentes que já foram vacinados devem tomar a sua segunda dose.
“Estaremos aguardando novas orientações do ministério”, comentou.
Questionamento
Na
entrevista desta quinta, o secretário André Longo criticou a postura do
Ministério da Saúde, ao orientar a suspensão da vacinação de adolescentes, sem
comorbidades.
“Infelizmente, o Ministério da Saúde fez um
comunicado sem combinar com os estados e com os municípios, de forma apressada.
Isso gera essa intranquilidade em relação a esse público de adolescentes”,
declarou.
O gestor
disse, ainda, que houve revolta entre os secretários estaduais de saúde, diante
da decisão do governo federal.
“Na
verdade, o que se devia ter feito era uma reunião e tripartite ouvir a Câmara
Técnica do Programa Nacional de Imunizações”, declarou Longo
O
secretário de Pernambuco disse, ainda, foi “pego de surpresa” com anúncio
“infeliz” do ministério. André Longo informou que na sexta (17), haverá um
encontro com os conselhos de secretários estaduais e municipais para discutir a
questão.
De acordo
com ele, esses colegiados fizeram um documento para um Anvisa. “É o órgão que
regulamenta aplicação de vacinas no Brasil e que deve se manifestar em
contrário essa posição. Caso se manifeste, aí sim, nós vamos ter uma referência
técnica para seguir”, declarou.
O gestor
da saúde estadual repassou dados sobre vacinação de adolescentes e disse que o
índice de adversidades “é baixo”.
“Nós
temos mais de 3,5 milhões de adolescentes vacinados e um índice de 1.500
efeitos adversos. Temos um caso suspeito de uma situação mais grave e que nós
não podemos ainda atribuir diretamente a isso. Isso vai ter que ser
investigado”, comentou.
Por fim,
Longo declarou que é preciso ter uma posição técnica sobre a questão da
vacinação para o público entre 12 e 17 anos.
“Não há espaço para a decisões políticas no
Programa Nacional de imunizações. Havendo tecnicidade nas decisões, elas serão
analisadas e seguidas provavelmente pelo nosso comitê”, observou.
Eduardo
Jorge Fonseca de Lima também ressaltou a importância de a população ficar
tranquila diante da vacinação de adolescentes, com o produto da Pfizer.
“A gente
está falando aqui baseado em evidências de bases sólidas. A vacina foi testada,
verificada e aprovada em adolescentes”. (Via: G1 PE)
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