Ataques virtuais e xingamentos publicados em redes sociais nos perfis de governadores, deputados federais, senadores e até ex-presidentes da República provocaram uma enxurrada de ocorrências registradas na Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). O volume de procedimentos é tão grande, que a Divisão de Repressão a Crimes Virtuais (DRCC) irá fazer uma investigação por amostragem. Em alguns casos, um mesmo parlamentar chegou a registrar dezenas de queixas.
O senador Humberto Costa (PT-PE), por exemplo, formalizou 17 ocorrências
envolvendo crimes contra a honra nos quais ele foi atacado em comentários
publicados em suas redes sociais, nas plataformas do Twitter e Facebook. As
investidas contra ele aumentaram após a instalação da CPI da Covid-19, em abril
deste ano. Costa tem procedimentos sendo apurados em Pernambuco e Santa
Catarina.
Em um dos episódios mais
graves, o senador foi alvo de xenofobia por ter sido eleito por um estado
nordestino. O caso foi remetido à DRCC pelo Núcleo de Enfrentamento à
Discriminação, Núcleo de Direitos Humanos do Ministério Público. Um perfil do
Facebook identificado como Cristiano Martins fez postagens discriminatórias em
relação à origem do senador – que é paulista. “Seu nordestino de bosta, filho
da puta nordestina, vagabundo, excremento, tem que mata um filho da puta igual
a você, verme (sic)”, dizia a postagem.
Veja ataques virtuais aos políticos:
Terra sem lei
O senador Humberto
Costa comentou que a cada ataque à sua honra publicado por internautas em suas
redes sociais, uma equipe do gabinete faz o relato às autoridades. “Não vou
deixar de me manifestar nem de lutar pelo endurecimento das legislações conta
esse tipo de crime. Muita gente acha que a internet é uma terra sem lei, mas
não é assim que funciona”, disse.
A
utilização de perfis falsos ou ataques em massa feitos por robôs que atingem
figuras políticas não é exclusividade dos parlamentares de esquerda. Deputadas
federais de direita como Bia Kicis (PSL-DF) e Carla Zambelli (PSL-SP) também
registraram ocorrência após serem xingadas nas redes sociais.
Kicis registrou
ocorrência na DRCC após ter sido vítima de calúnia, injúria e difamação. A
parlamentar foi atacada virtualmente por um youtuber identificado como “Dom
Werneck”. Ele gravou um vídeo e publicou no seu canal do Facebook. Nas imagens,
o autor chama a deputada de farsante e que ela faria parte do crime organizado,
além de utilizar recursos públicos irregularmente e promover lavagem de
dinheiro.
Para a polícia Kicis disse ter conhecido Dom
Werneck há anos em um acampamento de apoio ao impeachment da então presidente
da República Dilma Russeff. Contudo, fazia anos que não o via.
Ibaneis atacado
O governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB),
também figura como vítima em pelo menos três ocorrências apuradas pela PCDF. Em
maio deste ano, vídeos que circulavam na internet mostravam manifestantes e
caminhoneiros que se dirigiam à Esplanada dos Ministérios para realizar
manifestações políticas e foram impedidos pela Polícia Militar.
Na imagem, um homem xinga o chefe do Executivo
local de “ladrão, corrupto, safado, vagabundo, cafajeste, covarde e safado”.
Investigadores
da DRCC fizeram pesquisas em fontes abertas e localizaram o perfil do autor dos
xingamentos. Foram coletadas as imagens e os vídeos das redes sociais. De
acordo com o delegado-chefe da DRCC, Giancarlos Zuliani, existem ataques em que
são postados 200 ou mais comentários atacando a honra de determinadas vítimas.
Para otimizar as apurações, os policiais estão
separando os casos por amostragem. “Estamos pegando os ataques mais graves,
mais contundentes, e fazendo o trabalho de identificação do perfil, quem é o
responsável e onde mora. O volume de casos impossibilita que seja feita uma
apuração individual”, explicou. (Via: Metrópoles)
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