Relatório mostra que, no Brasil, foram registrados 12.895 casos de suicídio em 2020 e 12.745 casos em 2019.
Estudos publicados em 2021 relacionando suicídio com a pandemia do coronavírus apontaram que, diferente do que muitos imaginavam, a crise sanitária não aumentou o número de suicídios no mundo. Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2021, divulgados em julho pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostram que o número de suicídios no Brasil em 2020 sofreu uma variação de 0,4% em relação a 2019. Foram 12.895 casos em 2020 e 12.745 casos em 2019.
Os dados, entretanto, não diminuem a importância do Dia Mundial de
Prevenção ao Suicídio, comemorado no dia 10 de setembro, e que também dá origem
ao Setembro Amarelo. Para o psicólogo e neurocientista Marcus Vinicius Alves a
pandemia trouxe também uma procura maior das pessoas pelo cuidado com a saúde
mental, não só com ajuda de psicólogos e psiquiatras, mas também com o
implemento de hábitos saudáveis e maiores discussões sobre saúde mental,
principalmente com o auxílio de plataformas digitais.
“Houve um aumento de coesão na comunidade e senso de pertencimento que
pode ter ajudado este processo, ou seja, a sensação de que estávamos todos
passando pelo momento juntos costuma ser protetiva nestes momentos de crises
nacionais. Não apenas isso, mas as pessoas estão falando mais dos seus estados
mentais nesse momento, menos inclinadas a ocultar sentimentos e ansiedades,
tendo em vista que estamos mais abertos enquanto sociedade a ouvir e cuidar uns
dos outros“, explica Marcus, que também é professor da Rede UniFTC.
Apesar dos números não terem aumentado na pandemia, o Anuário Brasileiro
de Segurança Pública 2021 também revelou uma crescente nos casos de suicídio no
Brasil. Isso levando em conta dados de anos anteriores, como em 2012, que foram
registrados 6.905 casos – pouco mais da metade do registro do ano passado.
Percebendo os sinais – Embora os números não demonstrem crescimento de
casos de suicídio na pandemia, os dados ainda são preocupantes. O psiquiatra e
professor de Medicina da UniFTC, Francisco Medauar, destaca que, por conta
disso, é importante também perceber sinais que devem ser olhados com cuidado.
Como exemplo têm os sinais verbais (expressão de desesperança, falar sobre se suicidar),
comportamentais (isolamento de amigos e familiares, uso abusivo de drogas), e
de humor (depressão, ansiedade, raiva).
“Tem vários sinais que a gente pode prestar atenção. Por exemplo, o
sofrimento mental, no qual a pessoa tende a ficar mais chorosa ou mais
irritada. Pode acontecer também uma queda de produtividade no trabalho ou nos
estudos. Outra coisa que pode ocorrer são alterações de sono, de apetite e de
peso. Com o tempo, e isso piorando, ela tende a falar frases do tipo ‘queria
sumir’, ‘queria desaparecer’, ‘queria não voltar mais’. Estes são sinais que
podem um dia evoluir para um suicídio“, pontua Medauar.
O psicólogo Marcus Vinicius recomenda nunca tratar a situação como
‘bobagem’. “O mais importante é entender que muitas vezes as pessoas não
percebem os sinais, sendo necessário estar sempre atento ao outro indivíduo e,
principalmente, nunca ignorar esses sinais“, explica.
Já o psiquiatra Francisco Medauar pontua a importância de analisar a
situação para saber a melhor maneira de agir. Ele recomenda que, se a pessoa
for íntima, prestar acolhimento. “Para isso podemos mostrar que estamos lá para
ajudar, que o suicídio não é a solução, que ela pode melhorar e chorar. Chorar
é saudável“.
Contudo, se não houver grau de intimidade com o indivíduo que apresenta
ideações suicidas, o médico aconselha procurar a família ou acionar o Serviço
de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). “O Samu vai conseguir fazer o resgate
da pessoa e oferecer assistência médica e psicológica, além de levar esta
pessoa para alguma emergência psiquiátrica“.
Atendimento gratuito: Na Faculdade UniFTC Petrolina a comunidade pode
acionar o Plantão Psicológico. O atendimento é gratuito, realizado de forma
virtual por estudantes do curso de Psicologia, supervisionado por um professor-tutor,
com o objetivo de disponibilizar uma escuta especializada para as pessoas com
idade superior a 18 anos.
Os interessados devem preencher o link de inscrição: https://bit.ly/psicouniftc ,
indicando o dia/turno de interesse para o atendimento. As vagas são preenchidas
por ordem de envio dos formulários. Os inscritos receberão um e-mail com
informações sobre o atendimento.
Diferente da psicoterapia – onde o paciente é atendido pelo mesmo profissional
ou estudante de forma continuada –, o atendimento no plantão é realizado pelo
estudante ou profissional que estiver disponível no momento e em um único
encontro, embora o paciente possa utilizar o serviço quantas vezes sentir
necessidade.
“No plantão, é possível receber orientação para demandas específicas,
escuta qualificada para situações de sofrimento psíquico, e encaminhamentos
para atividades adequadas para cada demanda“, disse a coordenadora do curso de
Psicologia da UniFTC de Petrolina, Jackeline de Souza.
Confira os dias e horários disponíveis para o atendimento durante o
Plantão Psicológico:
Segundas e terças – a partir de 18h30
Quartas – a partir de 14h30
Sábados – a partir de 9h
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