Vítima de um acidente de ônibus que causou afundamento de parte do seu rosto, Kedydja Cibelly fez ontem novos procedimentos cirúrgicos para apagar as cicatrizes da sua face.
Depois de conviver por sete meses com resquícios de asfalto no rosto e um caco de vidro no nariz que dificultava a sua respiração, a estudante universitária Kedydja Cibelly, 20 anos, moradora do município de Salgueiro, deu mais um passo ontem na busca de apagar as cicatrizes de seu rosto.
Ela fez novos procedimentos cirúrgicos num
hospital de São Paulo, passando quatro horas numa sala de cirurgia. Foi feita
remoção de gordura no abdômen para fazer a enxertia de gordura na testa e
correção de cicatrizes no nariz e também na testa. Foram retirados ainda
resquícios de asfalto e de vidro do seu rosto, numa quantidade inferior à
encontrada no primeiro procedimento, realizado em junho no mesmo hospital em
São Paulo. A previsão é que a estudante fique em recuperação por 15 dias na
capital paulista.
“O médico disse que deu tudo certo e eu me sinto cada vez mais
aliviada. A sensação é como se tivesse moldando meu rosto para ser como era
antes. Sei que não será possível ficar igual mas pelo menos 90%”,
revela ela, adiantando que terá que fazer pelo menos mais dois procedimentos
cirúrgicos nos próximos seis meses. A maratona de procedimentos enfrentada pela
universitária é para para corrigir as cicatrizes no rosto causadas pelo
acidente de ônibus que provocou afundamento na sua testa, perda de cartilagem
do nariz e comprometeu uma das sobrancelhas. O acidente de ônibus do qual a
estudante universitária foi vítima aconteceu no dia 16 de novembro de 2020,
quando ela retornava de Picos (PI) para sua casa, em Salgueiro. O ônibus
capotou e a estudante se desprendeu do cinto de segurança e seu rosto foi
arrastado no chão e ficou debaixo do veículo por cerca de dez minutos,
provocando danos em seu rosto.
Todas as despesas dos
procedimentos cirúrgicos estão sendo pagas pela empresa responsável pelo ônibus
que capotou e causou danos no rosto de Kedydja. No mês de julho, a 6ª Câmara
Cível do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) decidiu, por unanimidade, que
a empresa de transporte Viação Progresso tem que bancar o tratamento de saúde
da estudante, que precisa continuar com acompanhamento psiquiátrico para se
livrar da depressão e fazer novos procedimentos cirúrgicos em São Paulo. A
decisão da 6ª Câmara Cível do TJPE ratificou a liminar do desembargador
Fernando Antônio Araújo Martins, da 6ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça, que
em maio passado concedeu decisão em caráter provisório ao recurso interposto
pelo advogado da vítima, Eduardo Lemos Barbosa, especialista em indenizações e
em Direito de Família, para que a estudante iniciasse tratamento através de
consultas para avaliação médica e depois concedeu autorização para o primeiro
procedimento cirúrgico, realizado em junho.
“Eu fico muito feliz por Kedydja ter dado mais um passo
para evolução do seu tratamento, com os novos procedimentos cirúrgicos para
corrigir as marcas do seu rosto. Tudo isso graças à decisão judicial do
Tribunal de Justiça de Pernambuco, que, através do desembargador Fernando
Antonio de Araújo Martins, concedeu decisão em caráter provisório ao nosso recurso
para que Kedydja iniciasse seu tratamento, decisão esta que acabou sendo
ratificada pela 6ª. Câmera Civil do TJ há pouco mais de um mês”,
destaca o advogado Eduardo Barbosa. O advogado de defesa recorreu da
decisão do juiz da primeira instância em abril, quando o pedido da estudante de
fazer cirurgias reparadoras para corrigir os danos causados pelo acidente havia
sido negado. A segunda instância reconheceu o direito da vítima.
PRIMEIRA CIRURGIA
A estudante fez a primeira
cirurgia em São Paulo no mês de junho. Foram sete horas numa sala de cirurgia
onde ela fez uma rinoplastia, correção de cicatriz e enxerto de gordura na
face. Depois do procedimento, Kedydja começou a se olhar no espelho, hábito que
deixou de fazer depois do procedimento cirúrgico no dia seguinte ao acidente. “Consegui me ver de novo no espelho depois da retirada
dos pontos”, conta ela, mostrando o caco de vidro que foi retirado
durante a rinoplastia. A cirurgia ocorreu exatamente sete meses depois da
madrugada do acidente que mudou a rotina da estudante, que voltava de uma
viagem de Picos, cidade do Piauí onde nasceu, para o município onde mora,
Salgueiro, no Sertão de Pernambuco. Kedydja, que cursa Engenharia de Produção
na Universidade do Vale do São Francisco (Univasf), decidiu deixar os pais em
Picos para onde havia viajado para votar e retornar para Salgueiro dois dias
antes do combinado com a família.
“Tinha muitos casos de Covid lá e fiquei com muito medo de
morrer, porque perdi minha vó para esse vírus”, conta ela. A menos
de duas horas de chegar em casa, o ônibus virou na estrada do município
pernambucano de Orobó e todos os passageiros sofreram ferimentos, mas a
situação de Kedydja foi a mais grave. Ela revela que o cinto de segurança não a
conteve no impacto e foi arredada, caindo com o rosto no chão. “Fui jogada embaixo do ônibus e fui arrastada.
Gritava de dor. Um desespero”, recorda ela, informando que outras
pessoas conseguiram suspender o ônibus para ela sair, quando foi socorrida por
um advogado até o hospital de Ouricuri. A primeira cirurgia ocorreu num
hospital público em Petrolina, município onde moram os pais da estudante.
Kedydja Cibelle é filha de uma
pensionista e de um motorista. Seu pai está desempregado desde 2018. Em 2020,
após a morte da sua avó em Picos no mês de julho, seus pais migraram para
Petrolina, em busca de oportunidades. Não conseguiram e acabaram voltando
temporariamente para Picos no período das eleições para trabalhar para um amigo
que era candidato a vereador. Eles pediram para a filha viajar de Salgueiro,
onde ela faz faculdade, para o município piauiense para votar no segundo turno.
Pelas condições financeiras em que os pais se encontram, não havia, segundo
ela, condições de bancar o tratamento. (Via: Ascom)
Blog: O Povo com a Notícia

