A Caminhada Justiça por Beatriz ganha repercussão nacional mais uma vez. Neste domingo (02), o Programa Fantástico/Tv Globo, vai exibir reportagem com detalhes do ato das ações dos pais da garota Beatriz Angélica Mota, assassinada com 42 facadas, na escola Nossa Senhora Auxiliadora, em Petrolina, no Sertão pernambucano, no dia 10 de dezembro de 2015.
Lúcia e Sandro e o Grupo Todos por Beatriz realizaram uma caminhada de
mais de 700 quilômetros para pedir justiça e para realizar uma séria de
cobranças ao governo do Estado de Pernambuco. "Não toleramos mais
impunidade", afirmou a mãe de Beatriz, Lúcia Mota.
Beatriz Angélica tinha 7 anos de idade quando foi morta, em 10 de
dezembro de 2015. Desde então, a polícia fez várias investigações, mas não
chegou a uma conclusão que permitisse a prisão de um suspeito.
A caminhada teve início no dia 5 de dezembro, em Petrolina, distante 712
quilômetros do Recife. Lúcia e o pai da menina, Sandro Romilton, cruzaram todo
o estado para pedir providências ao governador Paulo Câmara (PSB).
Os dois foram recebidos pelo governador no Palácio do Campo das
Princesas junto com outras oito pessoas que caminharam com eles. O encontro
também foi acompanhado por três deputadas estaduais, uma vereadora e um
representante da Ordem dos Advogados do Brasil em Pernambuco (OAB-PE).
“São seis anos esperando, aguardando as promessas que não foram
cumpridas. Por isso, nós caminhamos. Caminhamos por amor a Beatriz",
afirmou Lúcia Mota.
Ao longo do trajeto, o grupo foi crescendo. Oito pessoas saíram de
Petrolina. Mais de 50 chegaram ao Recife com os pais de beatriz. Motoristas
buzinavam em apoio.
No Recife os pais de Beatriz receberam mais carinho. Exausta dos
24 dias andando e de seis anos esperando por resposta, ela recebeu o apoio
de Mirtes Renata, mãe de Miguel, que morreu aos 5 anos após cair de um prédio
de luxo no Recife.
Em seis anos, a investigação passou pelas mãos de oito delegados, tem 24
volumes de inquérito, centenas de horas de gravações de imagens e mais de 400
pessoas ouvidas. A família afirma que houve sabotagem dentro da própria Polícia
Civil durante os trabalhos.
“A falha, na verdade, são as sabotagens que a própria polícia [fez], que
o perito chefe de departamento de perícia do estado de Pernambuco fez. Uma
semana depois do crime, ele estava trabalhando para o colégio [de forma
particular]. Ele é um funcionário público. Primeiro, ele não deveria estar ali,
mas segundo ele participou de sabotagem das perícias”, declarou a mãe.
No dia 20 de dezembro deste ano, a Corregedoria Geral da Secretaria de
Defesa Social (SDS) demitiu o perito criminal Diego Henrique Leonel de Oliveira
Costa, que atuou no caso e prestou consultoria de segurança, através de uma
empresa da qual é sócio, ao colégio Nossa Senhora Auxiliadora, local onde
Beatriz foi assassinada.
Ele vendeu um plano de segurança para a escola. Para a família de
Beatriz, o fato de um dos investigadores ter relação comercial com o
estabelecimento que foi local do crime é "imoral". O governador
também anunciou a demissão do perito criminal Diego Costa, que atuou no caso
após prestar consultoria de segurança ao Colégio Nossa Senhora Auxiliadora,
onde ocorreu o crime.
“Foram perícias inconclusas, pericias com dois resultados e não se
chegou a quem articulou, quem planejou. Tudo aquilo foi planejado com antecedência,
a gente sabe disso. O colégio Auxiliadora era uma escola muito difícil de
entrar, para ter acesso até as salas tinha que ser alguém que conhecesse, então
foi planejado, a gente não tem dúvida em relação a isso”, disse Lúcia.
De acordo com o pai de Beatriz, a família tem atuado com um trabalho de
investigação particular. A luta agora é pela federalização do caso, ou seja,
para que a investigação saia das mãos da polícia local e possa ser acompanhada
pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
“Tudo que se sabe hoje sobre o caso de Beatriz, o que a imprensa
divulga, vem justamente desse trabalho da nossa família. Somos nós que temos
uma investigação paralela, somos nós que divulgamos os eventos que acontecem. A
Polícia Civil se resume simplesmente a dizer em notas que estão empenhados e o
inquérito segue sob sigilo”, declarou Sandro.
O Governo de Pernambuco afirmou, na terça-feira (28), ser favorável à
federalização do caso da menina Beatriz Angélica.
Outro pedido feito pela família durante a caminhada é a inclusão de
peritos particulares americanos, especializados em casos como o de Beatriz.
Eles pedem pela assinatura de um termo de cooperação técnica com uma
empresa americana para que essa entidade tenha acesso integral aos autos do
processo.
“Não é algo diferente nem novo, na verdade a própria Polícia Civil realizou um trabalho com uma empresa particular que foi financiada pelo colégio. Então nós não estamos pedindo nada demais. O secretário diz que a legislação não permite, mas que legislação é essa, porque ele não apresentou, e tem precedente dentro do próprio inquérito”, afirmou Lúcia.
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