Dedicação e empenho foram palavras de ordem na vida de Sérgio Chaves. Após sair de casa aos 11 anos e morar na rua, Sergio foi acolhido por uma família, conseguiu um emprego e se reergueu.
Aos trinta ele que só havia cursado até o 3º ano do ensino fundamental, decidiu que voltaria a estudar. Fez um exame para certificação de competência que lhe dava a conclusão do ensino médio, e, em 2018, ingressou no curso de Direito, de acordo com informações do site Migalhas.
"Devido a tudo o que eu passei, as humilhações, preconceito, eu queria muito o curso de Direito justamente para saber me defender, conhecer os meus direitos."
No 9º semestre do curso, em sua primeira tentativa, prestou prova para a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) sem cursinho, apenas estudando por videoaulas do Youtube, e fazendo anotações que tomaram até as paredes do banheiro.
Sergio Chaves foi aprovado no 34º Exame de Ordem, já apresentou o trabalho de conclusão de curso e a colação de grau está prevista para fevereiro.
Quando se tornar advogado, quer seguir a área trabalhista para defender os colegas motoqueiros, e deseja ajudar, de alguma forma, aqueles que estão em situação de rua.
"Eu sei a situação dessas pessoas, sei o que eles passam, pois já vivi na pele, então é um sentimento que eu tenho."
Sérgio nasceu em Imperatriz/Ma, e circulava entre o Maranhão e o Pará, mas teve problemas com o padrasto e a madrasta. Em uma dessas viagens, aos 11 anos, decidiu desviar o caminho e foi para Teresina, no Piauí.
Lá, sem oportunidades, morou nas ruas por aproximadamente um ano. Ele conta que comia frutas estragadas da Ceasa para sobreviver. Lavou pratos em troca de comida, e passou fome, frio e humilhação.
As coisas mudaram quando Sérgio chegou em Fortaleza, Ceará, onde foi acolhido por um homem chamado Nonato e sua família. "Ele me deu um teto, me deu casa, me deu uma família. Ele tomava conta de um Lava Jato e fiquei com ele por um tempo."
Sérgio trabalhou no lava jato, e depois como entregador de lanchonetes, com uma bicicleta. Com o passar dos anos, comprou uma moto, e depois uma casa. Casou-se e teve um filho. Ajudou a esposa a estudar - hoje enfermeira pós-graduada e,vinte anos depois de deixar as salas de aula, decidiu que voltaria a estudar.
Ele passou a cursar a 4ª série. Aprovado, em 2018 ingressou no curso de Direito da FAECE - Faculdade de Ensino e Cultura do Ceará. Por todo o curso, ele conciliou as entregas, que fazia como motoboy ao longo do dia, com os estudos à noite.
Hoje, o curso está praticamente terminado, e Sérgio faz estágio no escritório onde entregava marmitas. A colação de grau deve acontecer em 3 de fevereiro. Quando perguntamos a que o futuro advogado credita seu sucesso, ele resume em uma palavra: Deus.
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