A ex-chefe do tráfico, Flávia Maria da Silva, responsável por cerca de 20 anos das finanças de uma quadrilha de traficantes em São Paulo, tornou-se CEO, no mês de fevereiro, de um projeto social que emprega mulheres do sistema prisional, denominado 'Tereza — Vale a Pena'.
Flávia passou a assumir a administração do tráfico aos 16 anos, após ter seu companheiro assassinado, e, com isso, estava sempre mudando de endereço. Dessa função, ela tirava o sustento para si e para o filho, que era um bebê quando ela começou. Foi presa apenas aos 34 anos.
Flávia cumpria pena de 22 anos por associação ao tráfico, no presídio feminino Tremembé 2 (SP). Lá, ela era vista como uma pessoa que apontava os erros locais e reclamava da invisibilidade das presidiárias. Ela passou a ser observada pela advogada e ativista Patrícia Villela, que é casada com herdeiro e chairman (presidente) do Itaú América Latina, Ricardo Villela Marino e é também presidente da ONG Humanitas 360, que busca trazer socialização a mulheres que foram encarceradas.
A Organização chegou até a empregar 30 mulheres, expandindo para um presídio no Maranhão, mas o projeto foi logo encerrado. Depois, a marca Tereza foi criada e quando algumas das mulheres cumpriram suas penas, a rede se fortaleceu, e, hoje em dia, tem CNPJ próprio e sede no Civi-co, bairro da Vila Madalena, em São Paulo. O objetivo é reinserí-las na sociedade, conforme sinalizado pela reportagem.
Nesta ONG, Flávia Maria fica encarregada de empregar mais mulheres do sistema prisional, visto que já há 11 contratadas com carteira assinada. “O crime paga bem. A mulher sai da prisão desnorteada, não tem onde morar, precisa de ajuda até para tirar documentos”, disse Flávia, que cumpre sentença em regime aberto até 2032.
Ela aproveitava os dias na prisão para ler. Quando teve oportunidade de sair, fez inscrição no Enem e está, atualmente, no sétimo semestre do curso de Direito da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid).
“Me arrependo do meu passado. Se pudesse, voltava atrás. Hoje sou uma mulher feliz por ter encontrado no meu caminho alguém que acredita na mudança do outro”, contou Flávia, na reportagem.
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