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quinta-feira, 25 de setembro de 2025

Maior estelionatária do Brasil deixa prisão e planeja nova vida fashion

Conhecida antigamente como a maior estelionatária do Brasil, Dominique Cristina Scharf, de 65 anos, foi libertada da Penitenciária Feminina de Tremembé no início do mês. Após cumprir 32 anos de prisão, ela atingiu o tempo necessário para migrar para o regime aberto.

Apesar de ter permanecido mais de três décadas presa, Dominique ainda não tinha cumprido o limite máximo de sua pena. Ela chegou a ingressar com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para extinguir definitivamente a condenação com base no teto legal.

No entanto, a juíza responsável pela execução penal destacou que duas fugas ocorridas ao longo da vida carcerária prolongaram sua permanência no sistema prisional.

Recomeço 

O projeto de Dominique agora fora da cadeia é de montar sua própria confecção de roupas de tricô, feitas à mão, buscando transformar seu trabalho em uma grife autoral. Durante sua vida, ela tinha o interesse pela moda, mesmo durante os processos criminais.

Ela cultivou o gosto por roupas sofisticadas e a preocupação com a imagem pessoal. Agora, depois de aprender o ofício na cadeia, busca transformar em negócio.

Histórico

Nascida em São Paulo, em 1960, a mulher é filha de pai americano e mãe alemã. Cresceu em uma família de classe alta, estudou em escolas paulistanas de elite e teve acesso a uma vida privilegiada.

Mesmo assim, ainda jovem, ela se envolveu com furtos dentro de casa e em lojas. Após a morte do pai e o afastamento da mãe, a vida no crime cresceu ainda mais.

Com 21 anos, em 1981, ela encarou sua primeira prisão. Após isso, passou por uma série de idas e vindas à cadeia, marcada por vários tipos de golpes e condenações em série. Criou identidades falsas, forjou documentos e passou a ser vista como especialista em estelionato e fraudes financeiras.

Na década de 1990, ela já era marcada pela polícia como uma das criminosas mais habilidosas do estado de São Paulo, com grande habilidade e facilidade de enganar empresários, lojistas e instituições financeiras. 

Seus vastos métodos eram desde a falsificação de cheques, até esquemas sofisticados, como a venda de joias falsas apresentadas como verdadeiras. Ela também realizava golpes do amor, no qual se envolvia com homens casados, marcava encontros em hotéis, fotografava-os nus enquanto dormiam e depois exigia altas quantias em dinheiro para não enviar as imagens comprometedoras às esposas.

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Avanço nos crimes

Dominique envolveu-se com tráfico de armas, clonagem de veículos e integrou uma quadrilha perigosa que roubava carros em São Paulo, no qual enviava-os ao Paraguai para adulteração e trazia os automóveis clonados de volta ao Brasil.

No ano de 2003, um episódio marcou a virada mais grave de sua trajetória. Enquanto realizava um assalto a um vendedor de joias, sua conduta foi enquadrada como tentativa de homicídio. 

O caso foi levado ao Tribunal do Júri, e ela recebeu mais 12 anos de prisão. Àquela altura, suas penas já se acumulavam em quase meio século de condenações. “Gosto sempre de deixar claro que nunca matei uma mosca. O vendedor de joias não se feriu”, esclareceu.

Dominique passou a acumular ao longo do tempo 20 processos de execução penal abertos simultaneamente. A situação tornou-se tão confusa que, no ano de 2016, o Departamento de Execuções Criminais decidiu unificar todos os processos em um só, estabelecendo uma pena final de 57 anos, 11 meses e 10 dias.

Em 2006, ela foi transferida para o regime semiaberto, mesmo sem ter cumprido os requisitos legais, devido à uma falha no sistema. O erro só foi solucionado depois de dez anos, quando a Justiça determinou que ela retornasse ao regime fechado.

Construção e mudança

As várias condenações e problemas na execução penal fizeram com que Dominique perdesse a conta do tempo que ainda tinha que ficar presa. Em 2023, ela enviou uma carta à Justiça pedindo esclarecimentos, alegando que as informações que recebia eram contraditórias e que precisava de uma definição clara sobre quanto ainda teria de cumprir. “Não é justo que nem a juíza saiba quanto tempo eu tenho para ficar presa”, reclamou.

Em Tremembé, Dominique construiu uma forte imagem em que buscava romantizar sua vida de crimes, e, em outros momentos, demonstrava arrependimento e cansaço. “Nunca me senti parte da população de Tremembé. Lá tem muitas assassinas, pedófilas e estupradoras. Não tenho nenhuma afinidade com esse tipo de crime”, destacou.

Ela carrega a marca de ser a maior estelionatária do país. Sua saída de Tremembé não apagou o passado, mas fechou um capítulo singular da história criminal brasileira. “Meu sonho é visitar a minha família, que mora na Austrália. E quem sabe ficar por lá”, planeja.