No próximo dia 21 completa um ano
da paralisação dos caminhoneiros que brecou a economia do País ao longo dos
seus 11 dias de duração. E um novo movimento grevista começa a ganhar fôlego
após o ultimato dado pelo presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros
(Abcam), José Fonseca, na última segunda-feira (13), ao presidente Jair
Bolsonaro e ao ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.
Fonseca enviou
ofício ao Governo Federal exigindo a articulação de um encontro com o
presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, a fim de encontrar uma
solução para as constantes altas no preço do diesel, que representa cerca de
50% do valor do frete e de janeiro até abril deste ano acumula alta de 24,34%.
De acordo com a Abcam, apesar da
boa vontade do Governo Federal em abrir o diálogo, mas o que vem ocorrendo do
começo do ano para cá não trouxe ganho real para a categoria. “Admiro a boa
vontade de conversar, mas tudo o que foi colocado em prol da categoria até
agora são ações de médio e longo prazo", comenta José Fonseca.
A revolta do presidente da entidade que representa cerca de 450 mil
caminhoneiros de todo o País é uma resposta ao que ele considera um descaso com
a categoria pelo presidente da Petrobras. “Quando ele escolheu não participar
da audiência pública na Câmara dos Deputados, na quarta passada, para debater o
tema, ele debochou da gente e não vamos tolerar uma postura dessa. Queremos
esse encontro presencial, em um local público para que todos possam conferir o
que vamos mostrar", diz, afirmando que a intenção do encontro é mostrar
estudos realizados pela equipe técnica da Abcam sobre o tema.
Segundo ele, as análises com base em dados atuais e históricos revelam que
os derivados do petróleo, notadamente o diesel, gasolina e gás, poderiam ficar
significativamente abaixo dos níveis atuais, preservando-se adequada margem de
lucro para a Petrobras. “Temos provas de que é possível o litro do diesel
chegar a R$1. Uma condição necessária para isso é a preservação das refinarias
em mãos da Petrobras, com o que a empresa manteria a situação de monopolista em
produção de derivados, o que é, inequivocadamente, do interesse da segurança
nacional e, portanto, também nosso”, completa.
A Folha de Pernambuco procurou
a Petrobras, mas até o fechamento da edição desta terça-feira (14), a empresa
não respondeu à reportagem. Em Pernambuco, o presidente do Sindicato dos
Transportadores Autônomos de Cargas do Estado de Pernambuco (Sintracape),
Wilton Neri, não acredita em uma nova paralisação. Contudo, compreende a
magnitude da representatividade da Abcam em relação aos caminhoneiros do País.
“Ao menos por ora nenhum sindicalizado me contatou. No entanto, minha ligação é
com a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), que continua
a dialogar com o Governo em busca de uma solução”, revela o sindicalista.
Por nota, a CNTA afirma não promover greve e que qualquer decisão sobre
uma nova paralisação é prerrogativa da categoria, manifestada em assembleia dos
sindicatos. “A entidade sempre apoiará movimentos que reflitam os interesses
coletivos da categoria, com respeito à ordem pública, às instituições, às leis
e a sociedade como um todo, porém, crê que o momento atual é o do diálogo e da
realização dos compromissos assumidos pelo governo”, diz documento. (Via: Agência Brasil)
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