Apoiadores de Jair Bolsonaro fazem neste
domingo manifestação em apoio ao presidente em ao menos 250 cidades do país,
espalhadas em dezoito estados e no Distrito Federal, segundo expectativa dos
organizadores. Os atos foram convocados como reação aos primeiros protestos
expressivos contra o governo atual, que miraram o bloqueio de recursos no
Ministério da Educação, e na esteira do compartilhamento, pelo presidente, de
um texto que fala sobre o Brasil ser “ingovernável” sem “conchavos”.
Os
motes iniciais das manifestações eram críticas ao Congresso e ao Supremo
Tribunal Federal (STF). Depois de repercussão negativa entre parlamentares e
com o temor de um agravamento na crise entre Palácio do Planalto e Legislativo,
contudo, Bolsonaro anunciou que não irá aos atos e recomendou que seus
ministros façam o mesmo, enquanto aliados entraram em ação para “atenuar” a
pauta dos protestos.
Conforme
a convocatória atualizada, as manifestações defenderão a reforma da
Previdência, o pacote anticrime elaborado pelo ministro da Justiça e Segurança
Pública, Sergio Moro, e a Medida Provisória 870, que trata da reforma
administrativa do governo.
Mesmo
assim, aliados do presidente, como a líder do governo no Congresso, deputada
Joice Hasselmann (PSL-SP), a deputada estadual paulista Janaina Paschoal (PSL)
e o presidente do PSL, Luciano Bivar, posicionaram-se contra as mobilizações.
Joice
está entre os que temem avarias maiores na governabilidade caso os atos mirem o
Parlamento – um dos alvos devem ser os deputados do chamado Centrão -, e
Janaina avaliou que “não tem sentido quem está com o poder convocar
manifestações”, mesma posição de Bivar. Diante das divergências, o PSL liberou
os integrantes de suas bancadas a participarem ou não dos atos.
Sem grupos antipetistas
Os
atos em apoio a Bolsonaro não estão sendo organizados por movimentos que
protagonizaram a campanha pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff em
2016, como o Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem Pra Rua, que preferiram não
aderir aos atos. Sem os dois principais grupos antipetistas, a mobilização
ficou a cargo de organizações menos conhecidas como Avança Brasil, Direita São
Paulo, Confederação Monárquica no Rio, Consciência Patriótica e Movimento
Brasil Conservador.
As
manifestações estão sendo convocadas pelas redes sociais, sobretudo através do
Facebook e do WhatsApp, plataformas nas quais o capitão consolidou sua
principal interlocução com o eleitorado fiel.
Entre
os organizadores, o grupo mais popular nas redes sociais é o Avança Brasil, que
possui 1,4 milhão de seguidores em sua página no Facebook. O Direita São Paulo,
por sua vez, formado há três anos, é um dos mais bem estruturados e terá o
próprio caminhão de som na Avenida Paulista, onde o presidente do grupo, Edson
Salomão, espera que haja 150.000 pessoas.
“Vamos
às ruas para defender a reforma da Previdência, o pacote anticrime do ministro
Sergio Moro, a MP 870, CPI da Lava Toga [que visa a investigar o Judiciário], a
Operação Lava Jato e para pressionar os parlamentares do Centrão”, afirma
Salomão.
Referindo-se
a Janaina Paschoal e Luciano Bivar, Salomão avalia que políticos do próprio PSL
“não souberam lidar com a situação”. “A classe política precisa entender que o
povo tem a liberdade e a livre iniciativa de ir para as ruas quantas vezes
quiser e quando quiser”, diz o líder do movimento. “Não é uma articulação do
governo, de parlamentar. É uma posição legítima do povo que quer ir para a rua,
para que as pautas que defendemos sejam votadas e aprovadas. A análise deles
está equivocada”, acrescentou.
Edson
Salomão ressalta que o Direita São Paulo repudia o que ele chamou de
“radicalização das pautas”, como o fechamento do STF e do Congresso. “Acredito
que essas sejam declarações isoladas”, avaliou.
O
presidente do Direita São Paulo afirma, ainda, que os atos de hoje ganham
relevância após a Câmara aprovar a retirada do Conselho de Controle de
Atividades Financeiras (Coaf) do Ministério da Justiça e Segurança Pública,
comandado por Moro, para o Ministério da Economia, de Paulo Guedes. “Não
podemos dizer que houve uma derrota, de fato, porque a análise da matéria não
foi totalmente concluída. Tem até o dia 3 de junho”, afirma, referindo-se à
data em que a MP 870 perde validade.
Monarquistas presentes
A Confederação Monárquica no Brasil é outro
movimento que está convocando sua militância para os atos de domingo. O grupo
chamou manifestações para 18 estados e para o Distrito Federal.
Em
entrevista a VEJA, o líder do movimento, Rodrigo Dias, afirmou que o discurso
anticorrupção ocupa o centro da pauta que será defendida nas ruas. “Defendemos
que o Coaf permaneça com o ministro Sergio Moro e que a Receita Federal tenha
poder de investigação junto ao Ministério Público”, diz.
Rodrigo
Dias adota um discurso semelhante ao do presidente do Direita São Paulo. Em sua
opinião, as pautas mais radicais não representam um “fato concreto”. “Tenho
acompanhado de perto o engajamento nas redes sociais, as convocações de
diversos movimentos e não vi nada neste tom, não é um fato concreto”, afirma.
Para
Dias, a aprovação pelo plenário da Câmara da redução dos ministérios, de 29
para 22 pastas, conforme texto da MP 870, é um sinal de que “os parlamentares
estão atentos”. “Quando há uma mobilização, há atenção da classe política, como
consequência”, afirmou. Ele avalia ainda que os atos deste domingo podem ser
“fundamentais” para que o Coaf volte ao comando de Moro.
O
texto-base da MP e emendas seguem para análise no Senado. O líder do PSL na
Casa, Major Olímpio (SP), e o senador Alvaro Dias (PODE-PR) anunciaram que
apresentariam pedidos para que a decisão dos deputados fosse revertida. Se o
Senado alterar qualquer ponto do texto aprovado pela Câmara, o texto voltará à
Câmara, o que representaria risco à validade da MP – por isso, o presidente
Bolsonaro já pediu que o Senado não mexa no texto aprovado na Câmara. (Via: Veja)
Blog: O Povo com a Notícia