Com viagem prevista para a Bahia
nesta terça-feira (23), onde participará da inauguração do aeroporto de Vitória
da Conquista, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou, neste domingo (21),
que não teme ataques e protestos, como reação aos comentários feitos na
sexta-feira (19) em relação a governadores do Nordeste. Bolsonaro disse que vai
a “qualquer lugar do território brasileiro”.
“A Bahia é Brasil. Sem problemas. Sou amigo do Nordeste, poxa. Se eu tenho
um problema no Sul, não se fala na Região Sul, Centro-Oeste e Norte. Por que
essa história? Vocês mesmos da mídia querem separar o Nordeste do Brasil. O Nordeste é Brasil, é minha
terra e eu ando em qualquer lugar do território
brasileiro”, disse ele, ao retornar ao Palácio da Alvorada após participar de
culto evangélico e de almoçar em uma galeteria de Brasília.
Ao deixar o restaurante, Bolsonaro parou para tirar fotos com
simpatizantes e perguntou: “Tem algum nordestino ofendido aí?”. Pessoas
próximas responderam negativamente.
Em conversa com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), na sexta,
Bolsonaro orientou “não dar nada” ao governador do Maranhão, Flávio Dino
(PCdoB). O áudio foi captado pela TV Brasil, emissora pública ligada ao
governo. A orientação aconteceu pouco antes do café da manhã com jornalistas
estrangeiros no Planalto.
Bolsonaro também foi acusado por Flávio Dino de ter usado
expressão pejorativa para se referir ao Nordeste. Ele falou que
“daqueles governadores de ‘paraíba’, o pior é o do Maranhão”. O termo “paraíba”
é uma forma usada, principalmente no Rio de Janeiro, para se referir a
migrantes nordestinos. No Twitter, o governador do Maranhão escreveu que
Bolsonaro deveria se desculpar pela frase. “Mas o ódio impede um gesto de
respeito e grandeza”.
Questionado se poderia pedir desculpa, Bolsonaro se irritou. “Quem ficou
ofendido? Quem?”, respondeu. Sobre uma visita ao Maranhão, afirmou que, se
tiver um evento, iria. “O governo que mais dispensou recursos para o Nordeste
fui eu até agora”, garantiu.
O Nordeste foi a única região do País em que Bolsonaro saiu derrotado no
segundo turno das eleições de 2018. O então candidato do PT à Presidência
República, Fernando Haddad, registrou 69,7% dos votos válidos, enquanto o
pesselista teve 30,3% dos votos válidos.
Desde que tomou posse, em 1º de janeiro, Bolsonaro só esteve no Nordeste
uma única vez. Foi no dia 24 de maio, quando o presidente veio a
Pernambuco participar de reunião do Conselho Deliberativo (Condel) da Sudene,
no Recife, e entregar habitacionais financiados pelo Minha Casa
Minha Vida, em Petrolina.
ASSEMBLEIAS
O Colegiado de presidentes de Assembleias Legislativas
dos Estados do Nordeste (ParlaNordeste) recebeu com “repulsa” e chamou de
preconceituosas as declarações do presidente. Na nota, o
colegiado destaca que a região é a terceira maior economia do País e que seus
53 milhões de habitantes têm orgulho de viver “não só na Paraíba, mas também,
no Maranhão, em Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Rio Grande do Norte, Ceará
e Piauí”.
O ParlaNordeste ainda saúda o trabalho realizado pelos nove governadores
da região e diz que vai lutar contra todo tipo de retaliação e função de
diferenças políticas ou preconceito. “Exigimos respeito e não abriremos mão do
cumprimento dos deveres do governo federal para com a nossa região”, finaliza a
nota.
Nesse domingo (21), no Twitter, Bolsonaro voltou a dizer que não fez
nenhuma crítica ao povo nordestino. “’Daqueles GOVERNADORES... o pior é o do
Maranhão’. Foi o que falei reservadamente para um ministro. NENHUMA crítica ao
povo nordestino, meus irmãos”.
"Daqueles
GOVERNADORES... o pior é o do Maranhão". Foi o que falei reservadamente
para um ministro. NENHUMA crítica ao povo nordestino, meus irmãos. Mas o melhor
de tudo foi ver um único general, Luiz Rocha Paiva, se aliar ao PCdoB de Flávio
Dino, p/ me chamar de antipatriótico.
— Jair M. Bolsonaro
(@jairbolsonaro) July 21, 2019
Ainda no mesmo assunto, em outra publicação na rede social, o presidente
mencionou que, em dois anos, o porto de Itaqui, no Maranhão, estará ligado, por
ferrovia, ao porto de Santos, e aproveitou para dizer que fará muito pelo
Nordeste em seu mandato “apesar da mídia e alguns governadores”.
- Em 2 anos
o porto de Itaqui, no Maranhão, estará ligado, por ferrovia, ao porto de
Santos. Em 4 anos faremos muito pelo Brasil e o até então esquecido Nordeste,
apesar da mídia e alguns governadores. pic.twitter.com/m9f5CBOcuG
— Jair M. Bolsonaro
(@jairbolsonaro) July 21, 2019
Depois, Bolsonaro publicou vídeo em que o apresentador afirma que
Bolsonaro deu aval a um empréstimo para a Paraíba, enquanto o governo petista não
o fez. “Relato de como nosso governo vem tratando o estado da Paraíba.
Criticamos alguns governadores do Nordeste, mas nunca abandonaremos o nosso
querido povo nordestino”, escreveu o presidente sobre o vídeo.
- Relato de
como nosso governo vem tratando o estado da Paraíba. - Criticamos alguns
governadores do Nordeste, mas nunca abandonaremos o nosso querido povo
nordestino. pic.twitter.com/gCJKGhcw7e
— Jair M. Bolsonaro
(@jairbolsonaro) July 21, 2019
"O presidente da República reiterou agressões pessoais contra mim e
o governador da Paraíba, tentando dissimular grave preconceito regional. Seria
mais digno ter se desculpado”, escreveu o governador do Maranhão, Flávio Dino
(PCdoB).
"Não ao preconceito ao Nordeste e ao nosso povo. Respeito,
Federação e Democracia são conceitos amplos, que não combinam com visão
pequena, mesquinha”, escreveu o governador de Alagoas, Renan Filho (MDB). (Via: Agência Brasil)
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