Após protagonizar uma série de
declarações agressivas nos últimos dias, o presidente Jair Bolsonaro (PSL)
disse que não mudará seu estilo e que não há uma estratégia eleitoral por trás
das controvérsias.
Em entrevista ao jornal “O Globo”, publicada nesta terça-feira (30), ele
disse não estar preocupado com a sucessão presidencial de 2022, para a qual já
sinalizou que tentará a reeleição, e voltou a criticar a cobertura da imprensa.
“Sou assim mesmo. Não tem estratégia. Se eu estivesse preocupado com 2022,
não dava essas declarações”, disse. “O dia [em] que não apanho da imprensa, eu
até estranho”, ressaltou.
Nas últimas semanas, o presidente radicalizou o discurso em meio a
críticas a seus familiares. Ele chamou governadores nordestinos de “paraíbas”,
disse que no país não havia fome e atacou o presidente da OAB (Ordem dos
Advogados do Brasil) por meio de seu pai.
Na entrevista ao jornal, Bolsonaro voltou a dizer que encomendou um estudo
ao Ministério de Minas e Energia para legalizar a prática do garimpo em
reservas indígenas e ressaltou que a intenção é criar “pequenas Serras Peladas”
no país.
“Mas a fiscalização seria pesada. E índio também poderia explorar”, disse.
Ele disse ainda que investidores estrangeiros, de países como Emirados
Árabes, Japão e Israel, já demonstraram interesse em explorar o turismo na
região de Angra dos Reis, a qual tem chamado de “Cancún Brasileira”.
Na área, funciona a estação ecológica de Tamoios. Bolsonaro já disse que
discute com governadores do país a revisão de unidades de preservação
ambiental.
Bolsonaro foi multado, em 2012, por pesca ilegal na área protegida. A
multa prescreveu e nunca foi paga pelo presidente.
PREOCUPAÇÃO
Reportagem da Folha desta terça-feira (30) mostrou que aliados de Bolsonaro e
militares tentam identificar o foco das ações intempestivas do presidente.
A avaliação do núcleo militar e de integrantes da base do governo no
Congresso é a de que, principalmente nos últimos dias, Bolsonaro voltou a ser
estimulado a ir para o confronto e a dar vazão ao que é classificado como pauta
secundária.
A preocupação desses aliados é a de que, ao ser incentivado a prestar
atenção em temas laterais, Bolsonaro acaba, inevitavelmente, esquecendo a
agenda positiva do governo, como a econômica — que tem apoio da Câmara e do
Senado e respaldo de setores da população.
Na segunda-feira (29), tanto militares quanto integrantes da Secretaria de
Comunicação do Palácio do Planalto foram pegos de surpresa com as declarações
de Bolsonaro, dadas na porta do Palácio da Alvorada, sobre o pai do presidente
da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). (Via: Agência Brasil)
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